Palcos da semana: Yayoi Kusama, Walk & Dance e dias de teatro

Kusama está em retrospectiva em Serralves, Freamunde anda na música e Aljezur vai Lavrar o Mar. Na tábuas, estreiam-se Uma Vida no Teatro e Últimos Remorsos Antes do Esquecimento.

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Yayoi Kusama é alvo da retrospectiva que está a chegar a Serralves Yusuke Miyazaki (cortesia Ota Fine Arts, Victoria Miro e David Zwirner)
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O actor Alfredo Brito em Uma Vida no Teatro, onde contracena com Vítor Silva Costa FILIPE FIGUEIREDO
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Batida participa no festival Walk & Dance Manuel Lino
,Academia de Artes - Estoril
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O Teatro Experimental de Cascais estreia Últimos Remorsos Antes do Esquecimento TEC
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Der Lauf, espectáculo de Les Vélocimanes Associés, vem a Aljezur Anna Kubiak
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Yayoi Kusama, ponto por ponto

Infinito, acumulação, conectividade radical, biocósmico, morte e força de vida. Eis os temas organizadores daquela que é a maior retrospectiva da obra de Yayoi Kusama, a icónica artista japonesa que, aos 95 anos (acabados de fazer) e depois de várias décadas a viver numa instituição de saúde mental (voluntariamente), personifica um dos mais estrondosos fenómenos de popularidade na arte contemporânea.

Contam-se aos milhões as multidões atraídas pela sua arte, em qualquer ponto do globo. Mais de 160 obras poderão agora ser vistas em Serralves, graças a Yayoi Kusama: 1945 - Hoje, exposição vinda do M+ de Hong Kong, com curadoria de Doryun Chong e Mika Yoshitake.

O título dá conta do vasto alcance temporal: vai dos primeiros esboços, ainda na adolescência e num mundo ferido pela II Guerra Mundial, até à produção mais recente, passando pelos tempos de Nova Iorque em que conviveu com figuras como Andy Warhol. Não faltam as instalações imersivas em grande escala, a sua perdição por polka dots, as amadas abóboras, os jogos de espelhos ou o Narcissus Garden que estará instalado no lago da fundação.

Duas vidas em cena

No Dia Mundial do Teatro, há Uma Vida no Teatro em cena no Teatro Aberto. É a estreia da peça de David Mamet, na encenação de Cleia Almeida. Escrita pelo dramaturgo norte-americano em 1977, detém-se sobre a construção e evolução das dinâmicas entre dois actores de gerações diferentes: o veterano e experiente; e o jovem promissor e ainda deslumbrado.

Cabe a Alfredo Brito e Vítor Silva Costa ensaiarem essa “relação de competição e camaradagem”, nota a folha de sala, e “as reflexões de ambos sobre o desempenho e o significado da sua profissão”. Como estas: “Quantas vidas vive um actor? E quantas deixa ele de viver?”

Vai-se andando e dançando

À garantia de “música portuguesa emergente, mas também sons bem conhecidos do público” junte-se a vontade de dar uns passos de dança, acrescentem-se Noiserv, Zen, Best Youth e Bonga à cabeça do cartaz e estão reunidas as condições para mais um Walk & Dance, o festival que faz do centro de Freamunde o seu palco (cinco palcos, na verdade, das salas às praças).

Nos três dias de concertos cabem, então, o cantautor-orquestra David “Noiserv” Santos; os Zen, banda portuense que se fez culto nos anos 1990; a dream-indie-pop dos Best Youth renovada em Everywhen; e Bonga a fazer a festa a mais de 50 anos ao ritmo do semba.

Mas também por lá passam a roda de Samba Sem Fronteiras, o Neon Colonialismo de Batida e o balanço catártico do trio Conferência Inferno. E ainda Azonga, The Ema Thomas, Os Overdoses, Caio, Mr. Bubble, Hot Air Balloon, O Mau Olhado Trio, Matko Destrokanov e os DJ Miguel Estrela e Fábio Estrela em back-to-back.

Desafio de linguagem

Ainda em fase de transição, depois da morte do fundador Carlos Avilez (1935-2023), o Teatro Experimental de Cascais entrega-se aos Últimos Remorsos Antes do Esquecimento, de Jean-Luc Lagarce, naquela que é a sua 179.ª produção – e a primeira vez que a peça é levada à cena, em Portugal, por uma companhia profissional.

Estreia-a no Dia Mundial do Teatro, com encenação de Elmano Sancho, para quem o principal desafio reside na importância do discurso na obra do dramaturgo francês e na necessidade de “decifrar a linguagem de Lagarce e encontrar a sua musicalidade, ritmo e voz, tornando-a activa, sensorial e corpórea”, faz saber a companhia.

Sancho assina também a dramaturgia, a meias com Graça P. Corrêa, e integra o elenco, juntamente com Beatriz Ferreira, Maria João Falcão, Paulo Pinto, Sérgio Silva e Sílvia Filipe.

Lavrar os pratos

Malabarismo que interpela e intriga às cegas (por ser um solo de balde na cabeça). Absurdo, incerto e de partir a loiça toda (há pratos a equilibrar). Interactivo, estranho e feito “numa ambiência a meio caminho entre David Lynch e os Intervilles [espécie de Jogos sem Fronteiras entre cidades dos anos 1960]”. Assim é Der Lauf, o espectáculo trazido a Aljezur pela companhia belga Les Vélocimanes Associés.

Vem a bordo do Lavrar o Mar, o programa que investe em levar artes performativas a locais pouco populosos da serra algarvia e da costa vicentina. Por acção deste projecto, serão também apresentadas, nas próximas semanas, duas criações em colaboração com as comunidades locais: Atlas Odemira, de Ana Borralho e João Galante (dia 21 de Abril), e, novamente em Aljezur, E Se Fizéssemos Tudo Outra Vez, de Madalena Victorino e Giacomo Scalisi (dias 24 e 25).

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