Economia vai crescer este ano mais do que o previsto, diz Banco de Portugal

Com menos inflação a ajudar o consumo e o PRR a empurrar o investimento, a economia vai crescer mais este ano, prevê o banco central, que já não aponta para um aumento do desemprego

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Reuters/PEDRO NUNES
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Apesar da conjuntura económica difícil no resto da Europa e do cenário de taxas de juro elevadas, a economia portuguesa conseguiu um desempenho melhor do que o previsto no ano passado e deverá, neste ano e nos próximos, continuar a crescer mais do que o esperado inicialmente, mostram as projecções apresentadas esta sexta-feira pelo Banco de Portugal.

No boletim económico agora divulgado, onde actualiza as suas previsões para a economia portuguesa, a entidade liderada por Mário Centeno passou a estar, quando comparado com o cenário que traçou em Dezembro, mais optimista em relação ao ritmo de crescimento apresentado pela economia.

Em Dezembro, o Banco de Portugal apontava para que o PIB português, depois de crescer 2,1% em 2023, abrandasse de forma acentuada para 1,2% em 2024, recuperando depois para taxas de 2,2% e 2% em 2025 e 2026. Mas agora, passados três meses, depois de saber que a economia afinal cresceu 2,3% no ano passado, com um resultado particularmente positivo no quarto trimestre, a autoridade monetária nacional reviu em alta as suas previsões para todo o período de 2024 a 2026.

Este ano, aponta agora para uma variação do PIB de 2%, seguindo-se depois crescimentos de 2,3% e 2,2% em 2025 e 2026, respectivamente.

No boletim, o banco central diz ainda que aquilo que está à espera é de uma variação trimestral do PIB de 0,7% no arranque do ano, seguindo-se variações sucessivas de 0,6% nos trimestres seguintes.

A explicação para este resultado mais positivo durante este ano e os próximos é semelhante à que é dada para o crescimento mais alto do ano passado. “A actividade beneficia dos efeitos da menor inflação, do impacto expansionista das medidas adoptadas no OE 2024 e da aceleração prevista para a procura externa”, diz o relatório, justificando deste modo a revisão em alta nas previsões feitas para o consumo privado e as exportações.

No caso da variação do consumo privado em 2024, o Banco de Portugal passa de uma estimativa de crescimento de 1% em Dezembro para uns muito mais significativos 2,1% agora. No que diz respeito às exportações, a projecção de crescimento este ano foi revista de 2,4% para 3,5%.

O banco também acredita num desempenho mais forte do investimento, passando a variação prevista para este ano de 2,4% para 3,6%, antecipando ainda uma aceleração para 5,4% em 2025. Neste caso, a explicação está no “contributo da maior execução financeira esperada do PRR”, que ainda assim, avisa o relatório, “é condicionada pela aprovação das reformas estruturais que lhe estão associadas”.

Perante este cenário de crescimento económico em linha com o potencial da economia, a entidade liderada por Mário Centeno deixou de antecipar um aumento do desemprego e projecta agora “aumentos adicionais do emprego, após os máximos atingidos em 2023, e uma estabilização do desemprego”. A taxa de desemprego prevista para este ano, que era de 7,1%, passou a ser de 6,5%, o mesmo valor registado em 2023.

No que diz respeito à inflação, em linha com o que acontece no resto da zona euro, as previsões foram revistas ligeiramente em alta, com o banco central a prever que este ano se situe nos 2,4%, chegando ao objectivo de 2% nos anos seguintes.

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