Villas-Boas sobre academia do FC Porto: “Ninguém sabe quem é que manda”

Vereador socialista acusa administração do FC Porto de mentir, envolvendo empresários ligados a Pinto da Costa na compra de terrenos na Maia. Villas-Boas critica “promiscuidade” e falta de rumo.

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André Villas-Boas quer academia no Olival ADRIANO MIRANDA / PUBLICO
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André Villas-Boas admite que pode estar de mãos presas no tema da construção da nova academia do FC Porto, caso a administração dos "azuis e brancos" assine contratos que não permitam rescisões – ou comportem penalizações gravíssimas. O candidato à presidência portista foi entrevistado pelo PÚBLICO e Rádio Renascença, mostrando estupefacção com o desenrolar do processo da venda dos terrenos na Maia em hasta pública, local onde supostamente nascerá o novo complexo dos "azuis e brancos". O valor base de licitação está nos 3,36 milhões de euros, mas não é ainda claro em que moldes serão adquiridos os terrenos. O FC Porto diz que vai ser dono dos terrenos e não vai alugá-los a uma terceira entidade, desmentindo explicações antigas dadas pelo próprio director financeiro, Fernando Gomes.

"Em primeiro lugar, quero saudar a capacidade financeira repentina do FC Porto para se comprometer dessa forma. Depois, ao mesmo tempo, deu-se a surpresa de um comunicado vir desmentir o próprio administrador financeiro. Isto é um caso evidente da linha comunicacional do FC Porto vir desmentir-se a si própria. Dá ideia que já ninguém sabe quem é que manda", ironiza André Villas-Boas, em entrevista ao PÚBLICO e Rádio Renascença.

O tema tem dado muita polémica e motivou uma reacção do vereador socialista Francisco Vieira de Carvalho. O responsável acusou a administração portista de ter mentido, negando que os dez terrenos privados que vão ser vendidos em hasta pública vão pertencer ao FC Porto. O clube irá, diz o vereador da oposição, arrendar os terrenos a uma empresa de construção, a ABB, que será a dona efectiva dos terrenos. Mais ainda: Francisco Vieira de Carvalho liga os empresários Pedro Pinho e João Koehler ao negócio, dizendo que estes têm um papel activo nas negociações em nome do clube.

O vereador adianta ainda que o preço que será praticado na hasta pública (23 euros por metro quadrado) é um valor abaixo do preço do mercado, apontando para um alegado favorecimento aos portistas. O clube negou, através de comunicado, as acusações do vereador. Este, por sua vez, repetiu os argumentos numa publicação no Facebook. Pedro Pinho e Koehler decidiram avançar judicialmente contra o responsável autárquico.

Para André Villas-Boas, existe uma "promiscuidade" entre estas duas personagens mencionadas pelo vereador socialistas e Pinto da Costa. Pedro Pinho é um empresário considerado próximo de Pinto da Costa e do filho deste, Alexandre Pinto da Costa. Foi uma das pessoas envolvidas na investigação a um alegado esquema de facturação de comissões em negócios de jogadores, tendo sido ainda condenado dois anos de prisão em pensa suspensa após agredir um repórter de imagem da TVI. Já João Koehler é um empresário, publicamente conhecido pela participação na versão portuguesa do programa Shark Tank. É membro da lista de Pinto da Costa e será, ao que tudo indica, um dos homens com influência na área financeira do clube, caso o dirigente portista vença as eleições de Abril.

"É precisamente disto que os sócios do FC Porto se fartaram. O FC Porto continua a ser um quintal com uma galinha de ovos de ouro, que cada vez produz menos, mas que para os próprios produz bastante. O FC Porto pode somar, em comissões para as empresas de Pedro Pinho, um número elevado de milhões de euros. E, potencialmente, para fundos relacionados com João Rafael Koehler, um número elevado em juros e comissões. Não tenho nada contra o fundo Quadrantis, é um fundo como outro qualquer, mas tenho um problema com a promiscuidade, os interesses e a proximidade relativamente à outra candidatura", acusa o candidato, dizendo que estas pessoas se estão a "aproveitar da debilidade do presidente e da sua incapacidade"

André Villas-Boas defende que o complexo seja construído na Maia, tendo já assegurado um contrato para a compra de terrenos em Vila Nova de Gaia. A aprovação da venda, em hasta pública, dos terrenos para a academia do FC Porto admite apresentação de ofertas para a semana anterior às eleições do FC Porto, a 27 de Abril. Ou seja, as decisões vão ser tomadas ainda por Pinto da Costa, com este compromisso a vincular a nova direcção, seja esta qual for.

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