O teu cão não responde à chamada? Experimenta dar-lhe outro nome — e outras dicas

Não tens de lhe mudar o nome, mas escolhe uma palavra diferente só para o chamares. No livro Andar à Trela, Paulo Fernandes explica como treinar todos os cães — até os mais preguiçosos.

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O teu cão não responde à chamada? Experimenta usar outro nome Paulo Fernandes
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Paulo Fernandes começou a treinar cães em 2015 quando a cadela Frances Houseman, ou Baby, como é conhecida, entrou para a família. Nessa altura, ensinar-lhe comandos básicos era apenas uma brincadeira, depois tornou-se um hobbie, um podcast e até um segundo trabalho.

Em entrevista ao P3 a propósito do lançamento do livro Andar à Trela, o primeiro que escreveu e que chegou às livrarias em Fevereiro de 2024 com a chancela da Leya, o instrutor canino e locutor de rádio começa por dizer que Baby sempre foi uma cadela pachorrenta, mas disposta a aprender.

Nunca teve problemas a responder à chamada do dono, mas hesitava quando a mandavam deitar. Ou seja, cumpria a ordem, mas precisava de uns minutos para se habituar à ideia. A solução passou por treinos curtos de um ou dois minutos, utilizar uma única palavra para o animal responder ao comando e, claro, uma recompensa no final.

Primeiro testou as técnicas com a cadela e depois fez o mesmo com outros 200 cães, desde cachorros a adultos, que já lhe passaram pelas mãos enquanto instrutor.

Já treinou 200 cães Paulo Fernandes
Baby foi a primeira "aluna" do locutor Paulo Fernandes
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Já treinou 200 cães Paulo Fernandes

“Os cães fazem uma coisa que é a banalização dos sinais. Se as pessoas estiverem sempre a repetir o nome do cão ele aprende que pode olhar ou não, porque não sabe se vai ser repreendido ou receber mimos”, explica. Por outro lado, escreve no livro, se o tutor utilizar uma palavra simples como “café” para chamar o animal, vai perceber e cumprir a ordem mais rapidamente.

“Com a Baby, por exemplo, sempre que eu disser a palavra 'junto', ela sabe que tem de se juntar à minha perna esquerda. Se o tutor for regrado a ensinar, o cão vai dar valor à palavra e adorar cumprir o comando à primeira.” Além disso, ensinar estes comandos é também uma forma de trabalhar a saúde mental do animal e fazê-lo sentir-se útil.

Para quem tem dificuldade em ensinar um cão, o livro equipara o treino a uma montanha: quando o animal obedece ao comando significa que chegou ao topo. E quando assim é, o melhor a fazer é parar para que não encare este trabalho como uma obrigação.

“É melhor que os tutores não tentem fazer só mais um minuto de treino porque, normalmente, vai correr mal. É como sair à noite e dizermos que só vamos beber mais um copo e já sabemos o que acontece”, afirma.

Ensinar comandos vs humanização

O livro faz também uma distinção entre ensinar comportamentos funcionais que os cães fariam se vivessem na natureza, como sentar, deitar ou não ladrar, e os chamados truques como rebolar. Para Paulo Fernandes, a segunda opção existe apenas para satisfazer um "capricho dos tutores" e, por isso, é, uma forma de humanizar o animal.

O mesmo acontece com os donos que vestem os cães por vaidade e não por estar frio, com os que lhes colocam laços, pintam as unhas ou os passeiam em carrinhos ou malas quando os animais não têm problemas motores.

“Ensinar o cão a andar à trela já não diria que é humanização porque acho que é fundamental para eles se conseguirem integrar no nosso mundo. Acho que devemos andar 99,9% das vezes com o nosso cão à trela por uma questão de segurança. Imaginemos que há uma bola que passa para o outro lado da estrada, que alguém chama o nosso cão por divertimento e ele vai ou que passamos por uma pessoa que tem medo dele. Tudo isto são boas razões para andarmos com ele pela trela”, defende.

Nas mais de 180 páginas do livro, Paulo Fernandes aborda outros temas como preparar a casa para a chegada de um cão, integrar um segundo animal em casa, detectar diferentes tipos de ladrar ou o luto. Reunir tudo o que aprendeu ao longo de nove anos foi uma experiência positiva e, por isso, diz que "é possível" que seja publicada uma segunda parte de Andar à Trela.

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