Cabo de Internet da Meta ligado a Carcavelos. 2Africa une 33 países

O projecto, conhecido como “o cabo do Facebook”, arrancou em 2020 e resulta de uma parceria entre a Meta (dona do Facebook) e várias operadoras de telecomunicações. É o maior cabo submarino do mundo.

Foto
Processo de colocação do cabo Consórcio 2Africa
Ouça este artigo
00:00
03:28

O sistema de cabos submarinos 2Africa, que une 33 países incluindo Portugal, foi ligado esta terça-feira a Carcavelos, à estação de cabos submarinos da Altice Portugal. O projecto, conhecido como “o cabo do Facebook, arrancou em 2020 e resulta de uma parceria entre a Meta (dona do Facebook, WhatsApp e Instagram) e operadoras de telecomunicações nos vários países por onde o cabo passa, incluindo a MTN, Vodafone Portugal, Djibouti Telecom, Orange e China Mobile. A missão é aumentar o acesso e a qualidade de Internet no continente africano, onde mais de metade da população ainda não tem acesso ao mundo online.

Ao todo, o 2Africa estende-se ao longo de 45 mil quilómetros, passando pela Europa, África (incluindo o Médio Oriente) e Ásia. É o maior cabo submarino do mundo, fabricado e instalado pela Alcatel Submarine Networks.

Em comunicado, a Vodafone Portugal destaca que a “chegada a Portugal do cabo 2Africa reforça a importância estratégica do país para este tipo de infra-estruturas fundamentais às comunicações nacionais e internacionais.”

A 12 de Fevereiro tinha sido tornado público um despacho em Diário da República a reconhecer como “acção de relevante interesse público” o projecto de instalação e amarração do cabo submarino.

Projecto nasceu em 2020

Foi em 2020 que a Meta (na altura, Facebook) desvendou planos para construir um enorme cabo de Internet submarino que começa no Reino Unido, passa por Portugal, contorna o continente africano e termina em Espanha. Actualmente, o cabo também passa pelo Médio Oriente e África. Em 2020, Ibrahim Ba, engenheiro responsável pelos projectos de conectividade do Facebook em mercados emergentes, descrevia o cabo como um projecto que beneficiava “todos”.

Foto
Cabo liga Europa, África e Ásia Consórcio 2Africa

“A verdade é que o Facebook vai melhorar a conectividade dos habitantes do continente africano, quer estejam, ou não, nos canais do Facebook”, explicou Ba, numa conversa com o PÚBLICO no ano de apresentação do 2Africa. “Ao mesmo tempo, nós [Facebook] temos muitos utilizadores na África, Europa e Médio Oriente que podem beneficiar de melhor conectividade. Todos ganhamos”, destacou Ibrahim Ba. “E os países europeus por onde o cabo passa, como Portugal, serão um pólo de conectividade ainda maior.”

A empresa sempre afastou a ideia de que o cabo iria beneficiar a rapidez de navegação no Facebook em detrimento de outros serviços online. “Estamos a trabalhar com empresas de telecomunicação”, lembrou Ba. “O cabo vai assegurar uma maior diversidade de rede. Falo na capacidade de vo cabo continuar a funcionar se existirem problemas numa zona.”

O que faz o cabo?

As comunicações online dependem de centenas de milhares de fios, da espessura de um cabelo, escondidos em tubos no fundo dos oceanos. O 2Africa é um destes cabos. A maior parte da estrutura serve para proteger as fibras ópticas. Essas, da espessura de um fio de cabelo, são a chave da transmissão de dados em todo o mundo e estão rodeadas por várias camadas de protecção. Os dados (por exemplo, um vídeo de YouTube) são transformados em sinais de luz que percorrem as fibras nos cabos até chegar ao destino.

O 2Africa destaca-se de outros cabos submarinos devido ao investimento em tecnologias como a SDM1 (sigla ingesa para Spacial Division Multiplex), que permite aumentar o número de fibras nas redes de comunicação ópticas que são responsáveis pelo transporte de dados na Internet. Assim, em vez dos tradicionais oito pares de fibras dos canais de Internet subterrâneos, o cabo 2Africa terá 16 fibras ópticas.