Grupos armados anti-Putin fazem incursões na Rússia através da Ucrânia

Ministério da Defesa russo disse que os ataques foram neutralizados. Ataques dos grupos paramilitares sediados na Ucrânia acontecem a poucos dias das eleições russas.

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Edifício governamental em Belgorod atingido por drone ucraniano Reuters/MAYOR OF BELGOROD CITY VALENTIN
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Três grupos paramilitares russos sediados na Ucrânia disseram ter atravessado a fronteira esta terça-feira e entrado em confronto com as forças militares da Federação Russa. Moscovo disse que neutralizou a ameaça e responsabilizou as autoridades ucranianas.

Dois grupos de insurgentes russos que defendem a libertação do país do regime de Vladimir Putin publicaram vídeos nas redes sociais em que mostram elementos armados alegadamente a participar em incursões nas regiões de Kursk e Belgorod, ambas na fronteira com a Ucrânia.

Nos vídeos partilhados no Telegram é possível ver carros de combate em movimento e ouve-se o som de tiros. As incursões nas duas regiões foram reivindicadas pela Legião Liberdade da Rússia e pelo Batalhão Siberiano, dois grupos armados que se opõem ao regime e que no passado realizaram acções semelhantes.

“Como todos os nossos compatriotas, na Legião sonhamos com uma Rússia livre da ditadura de Putin”, afirmou um homem armado e vestido de uniforme militar num dos vídeos, citado pela BBC. “Mas não sonhamos apenas: fazemos todos os esforços para tornar esse sonho realidade. Iremos recuperar a nossa terra das mãos do regime, centímetro a centímetro”, acrescentou.

Os membros da Legião disseram ter destruído um veículo militar russo na localidade de Tyotkino, na província de Kursk, chegando a alegar que esta vila estava “totalmente” sob seu controlo.

Os elementos do Batalhão Siberiano publicaram imagens de combates que disseram ser entre o grupo e as forças militares russas. “Combates intensos a decorrer no território da Federação Russa”, declarou o grupo, que também condenou as eleições presidenciais marcadas para o próximo fim-de-semana e em que se prevê uma vitória de Putin.

“Boletins e mesas de voto neste caso são uma ficção. Só se pode melhorar a vida com armas nas mãos”, afirmou o grupo paramilitar.

O Corpo Voluntário Russo, outra organização armada anti-Kremlin, também divulgou imagens de alegados confrontos com as forças russas.

As autoridades ucranianas rejeitaram qualquer envolvimento nas acções destes grupos e esclareceram que se trata de “organizações independentes” compostas por cidadãos russos, segundo o porta-voz dos serviços de informação militares, Andrii Iusov.

“No território da Federação Russa, eles actuam de forma absolutamente autónoma, por si próprios, na prossecução dos seus programas sociais e políticos”, afirmou Iusov.

O Ministério da Defesa russo disse ter “frustrado” as tentativas de penetração no seu território por “grupos terroristas ucranianos”. “Por volta das 3h no fuso horário de Moscovo (meia-noite em Portugal continental), após bombardeamentos intensos de infra-estruturas civis, os grupos terroristas ucranianos, usando tanques e veículos blindados, tentaram invadir o território da Federação Russa”, declarou o ministério.

As forças russas conseguiram repelir todos os ataques e, segundo o Ministério da Defesa, foram “destruídos” cerca de 60 “terroristas ucranianos”, cinco tanques e um tanque blindado de transporte de pessoal.

Apesar das garantias dadas pelo Governo, as autoridades locais da região de Kursk decidiram cancelar todas as aulas presenciais durante o dia.

Em simultâneo, a noite passada foi de bombardeamentos intensos por parte da Ucrânia de várias regiões russas com recurso a drones. Num dos ataques foi parcialmente destruída uma importante refinaria de petróleo na região de Nijny Novgorod que, segundo a Reuters, poderá obrigar a um corte para metade da produção.

As autoridades russas garantem que as defesas antiaéreas estão a conseguir destruir os drones ucranianos, mas vários outros edifícios foram atingidos, incluindo o da administração regional em Belgorod.

Um avião militar de transporte russo II-76 despenhou-se, entretanto, na região de Ivanovo com 15 pessoas a bordo, segundo a agência Interfax. O Ministério da Defesa disse que um dos motores da aeronave se terá incendiado.

Enfrentando um grande problema de escassez de munições, que tem impedido acções ofensivas na linha da frente, as forças ucranianas têm optado por realizar ataques com drones em território russo de forma cada vez mais frequente com o objectivo de aumentar a pressão no país vizinho.

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