Taxa de abstenção desce: é a mais baixa desde 1995

O número de portugueses que se deslocaram às urnas aumentou face às últimas legislativas. A afluência não era tão elevada desde 1995.

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Em 2022, a abstenção em território nacional ficou em 48,6% Nuno Ferreira Santos
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A noite terminou com a taxa de abstenção em território nacional a fixar-se nos 33,8%, o valor mais baixo desde 1995. Apesar de algum receio em relação aos números da abstenção por se tratarem das segundas eleições legislativas antecipadas no espaço de dois anos, o número de eleitores que não se deslocaram às urnas (ou que não conseguiram votar) voltou a descer, depois de em 2019 registado um valor recorde. No total, em território nacional votaram 6.051.460, dos 9.139.117 inscritos. Os números de abstenção deverão agora ser reajustados a 20 de Março, data em que serão contados os votos dos emigrantes.

Comparando apenas com a taxa de abstenção registado em território nacional, é preciso recuar 28 anos, até às legislativas de Outubro de 1995 para encontrar uma abstenção tão baixa (32,9% em território nacional), o que levou vários líderes partidários a assinalarem a "conquista", considerando-a particularmente importante no ano em que se celebram 50 anos do 25 de Abril. Ainda assim, as eleições mais participadas de sempre continuam a ser as de 25 de Abril de 1975, em que a abstenção foi praticamente residual: 8,5%.

Apesar disso, e numas eleições antecipadas, os portugueses mobilizaram-se em força, distanciando-se assim dos valores recorde de abstenção das eleições de 2019. Em 2019, a taxa de abstenção em território nacional (excluindo os votos dos emigrantes) tinha sido de 45,5%. Porém, acabou por subir para os 51,43%, depois de contados todos os votos dos círculos da emigração. Contas feitas, em 2019, votaram mais de 5 milhões de portugueses (5.251.064), num universo de 10.810.240 de inscritos. À data, o recorde de abstencionistas foi explicado com a actualização dos cadernos eleitorais.

Em 2022, este número tinha melhorado, quer a nível do território nacional (com a taxa de abstenção a fixar-se nos 42%), quer no estrangeiro. No entanto, a contagem dos votos dos emigrantes exigiu uma repetição da eleição no círculo da Europa, o que voltou a atirar o valor final global da abstenção ficou em 48,6%.

Nos grandes centros urbanos, a taxa de abstenção esteve ligeiramente abaixo da média nacional, rondando os 30%. Em Lisboa, a taxa de abstenção fixou-se nos 31% (em 2022 tinha rondando os 38%). No Porto, a taxa de abstenção recuou face a 2022, e fixou-se nos 29,95% (atrás dos 38,16% em 2022).

Já a região autónoma dos Açores registou, uma vez mais, os valores mais baixos de mobilização em todo o país, com a abstenção a rondar os 53,8%. Seguiu-se o círculo eleitoral de Vila Real, onde a abstenção rondou os 43,9%. Na região autónoma da Madeira, a abstenção também ficou acima da média nacional, com 41,15% dos eleitores portugueses a não se deslocarem às urnas.

Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), estavam inscritos nestas eleições 10.819.122 eleitores. Agora, restará saber quantos eleitores conseguiram votar no estrangeiro, ou presencialmente ou por via postal. Nas últimas semanas, foram vários os relatos de eleitores portugueses a dar conta das suas dificuldades de voto, ou por atraso no envio dos boletins de voto, ou por irregularidades nos cadernos eleitorais ou até mesmo devido ao envio de boletins de voto incompletos.

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