Por uma União Europeia de igualdade
Neste Dia Internacional da Mulher, o nosso olhar sobre o projeto coletivo de sociedade que construímos deve ser realista, mas permanecer esperançoso.
No ano em que celebramos 50 anos do 25 de Abril e a apenas dois dias de um importante ato eleitoral em Portugal, não podemos esquecer que o direito ao voto e o sufrágio universal são das grandes conquistas para a mulher e para a democracia.
Este ano de 2024 é também o ano em que mais de 400 milhões de cidadãos da União Europeia serão chamados a votar para as eleições europeias. É surpreendente pensar que foi apenas durante o século XX que as mulheres viram o direito de voto reconhecido na maioria dos países europeus. Não obstante, ainda há muito por fazer para assegurar a inclusão das mulheres na vida política, onde continuam a estar sub-representadas.
Enquanto o Conselho Europeu contar com apenas quatro mulheres entre os 27 chefes de Estado e Governo; enquanto apenas seis dos 27 países da União tiverem mais de 40% dos deputados mulheres (37% em Portugal); enquanto as mulheres continuarem a ser excluídas do espaço público e de tomadas de decisão em muitas partes do mundo; e enquanto a violência e a discriminação baseadas no género continuarem a existir, não podemos baixar os braços pela igualdade necessária numa sociedade que queremos justa e próspera.
Por ocasião do Dia Internacional da Mulher o nosso olhar sobre o projeto coletivo de sociedade que construímos deve ser realista, mas permanecer esperançoso. "A igualdade de género é um princípio fundamental da União Europeia, mas não é ainda uma realidade. Nas empresas, na política e na sociedade em geral, só poderemos concretizar plenamente o nosso potencial se utilizarmos todos os nossos talentos e diversidade. Utilizar apenas metade da população, metade das ideias ou metade da energia não é suficiente", diz-nos a presidente da Comissão Europeia.
A União Europeia lidera pelo exemplo. Ursula von der Leyen, Roberta Metsola e Christine Lagarde presidem à Comissão Europeia, ao Parlamento Europeu e ao Banco Central Europeu. Mulheres na liderança das principais instituições da União que, com legislação e políticas sólidas, promove a igualdade e a inclusão da mulher no espaço público. A Comissão Europeia tem intensificado esforços para o aumento do número de mulheres em cargos de decisão. Esta é a primeira Comissão liderada por uma mulher e a mais paritária na sua composição, com a primeira comissária europeia para a Igualdade e com a primeira mulher indicada para o cargo de comissária por Portugal.
A Estratégia europeia para a Igualdade de Género 2020-2025 tem-se traduzido em progressos significativos em prol de uma sociedade mais justa, como são exemplos a diretiva para reforçar o princípio da igualdade salarial e a diretiva para o equilíbrio entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas. E no mês passado chegamos a acordo político sobre o primeiro instrumento jurídico da União Europeia de combate à violência contra as mulheres, ciberviolência e à violência doméstica.
Num ano de eleições na União Europeia e em todo o mundo, é importante lembrar que foi a coragem e a ação de muitas pessoas no passado que nos assegurou conquistas imprescindíveis nos direitos das mulheres. Compete-nos agora assegurar e reforçar esses progressos. Juntas e juntos, continuaremos a construir um mundo e uma União de igualdade.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico