Não vê, não ouve, não fala

Parece um paradoxo: o dia em que não podemos ver, ouvir ou falar (de política partidária) é o que nos tira da alienação em que passamos os restantes.

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Há quem diga que passamos boa parte da nossa vida alheados do que nos rodeia. Essa aparente desconexão entre indivíduo e o meio que o rodeia assola a humanidade há séculos. A minha avó dizia muitas vezes que os netos eram “aluados”, porque viviam num mundo próprio. Os marxistas preferem um grau superior de erudição e chamam-lhe “alienação”, colocando o ónus no sistema que molda os indivíduos. Já a alegoria japonesa dos três macacos da sabedoria — o que não vê, o que não ouve e o que não fala — parece colocar o foco no indivíduo. Como quase tudo na vida, é num meio-termo instável, entre alienação imposta e auto-imposta, que vivemos. O dia de hoje, apesar do que possa parecer à primeira vista, é um claro exemplo disso.

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