Querido, mudei a campanha do Chega

A campanha que até agora era feita quase sempre entre paredes e entre apoiantes parece não estar a ter os resultados que Ventura pretendia. Agora mudou tudo e vai para a rua todos os dias.

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André Ventura, presidente do Chega LUSA/NUNO VEIGA
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E ao décimo dia a campanha do Chega mudou de forma radical. André Ventura, que quase não ia à rua, agora irá todos os dias até ao fim da jornada eleitoral. Esta terça-feira saiu em Évora e nos próximos dias sai em Beja, Portimão e Lisboa. Uma alteração que terá a ver com o facto de o líder do partido, que montou uma estratégia de campanha em que quase só estava a falar para os seus, ter verificado que o Chega estabilizou e já não está a subir nas sondagens e por Ventura estar a aparecer menos que os seus adversários nos órgãos de comunicação social, especialmente nas televisões.

O presidente do Chega tinha justificado a pouca ida à rua, onde só iria três vezes – Porto e Braga, já realizadas logo no princípio da campanha, e Lisboa, dia 8 – alegando que “fazia arruadas desde Dezembro” e que esta era a altura de estar e ouvir os militantes.

E estes não têm faltado. Nos jantares-comícios, quase sempre em quintas ou em salões vocacionados para grandes eventos, como casamentos, têm participado quase sempre entre 200 a 300 militantes. Já aos almoços, em restaurantes, aparecem menos apoiantes, mas sempre com as mesas bem compostas.

Ventura falou aos apoiantes todos os dias ao almoço e ao jantar, mas estes, que o tratam com uma devoção quase messiânica (o seu nome é tão gritado como o do partido), já têm o seu voto decidido no partido.

Esta mudança de estratégia terá a ver com André Ventura entender que precisa de aparecer mais, já que o seu partido tem estado estagnado nas sondagens, numa altura em que os indecisos começam a decidir o seu sentido de voto.

Mas não foram apenas estas novas idas a céu a aberto que mudaram na campanha. Ventura tem feito desde o primeiro dia discursos radicais e populistas, muitas vezes ofensivos para os seus adversários políticos e com termos grosseiros na abordagem de alguns temas.

Tinha, porém, deixado de fora, na primeira semana, as suas propostas mais polémicas, como a prisão perpétua e a castração química. Na segunda-feira, a prisão perpétua entrou no seu discurso, embora sem dizer o nome, com o presidente do partido a afirmar que “terroristas, violadores, homicidas vão apodrecer na cadeia”. Nesta terça-feira foi também anunciado que, na quarta-feira, Santiago Abascal, do também radical e populista partido espanhol Vox, entrará na campanha.

Ventura também perdeu a aposta que trouxe “armadilhada” para esta campanha: provocar e atacar os seus adversários políticos fazendo vários desafios a Luís Montenegro e a Pedro Nuno Santos para que estes falassem nele, mas, até agora, tem ficado a falar sozinho.

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