Novos nomes, a mesma elegância (francesa): eis cinco destaques da Semana da Moda de Paris

Ao longo de sete dias, foram mais de 100 desfiles e apresentações das colecções do próximo Outono/Inverno. Eis as escolhas do PÚBLICO.

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Chanel EPA/TERESA SUAREZ
,Semana da Moda de Nova York
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Georgina Rodriguez no desfile da Vetements Reuters/Gonzalo Fuentes
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Saint Laurent EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Saint Laurent EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Saint Laurent EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Saint Laurent Reuters/Gonzalo Fuentes
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Saint Laurent Reuters/Gonzalo Fuentes
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Saint Laurent Reuters/Gonzalo Fuentes
Yves Saint Laurent
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Anthony Vaccarello da Saint Laurent Reuters/Gonzalo Fuentes
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Anna Wintour em Dries Van Noten Reuters/Gonzalo Fuentes
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Dries Van Noten Reuters/Gonzalo Fuentes
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Dries Van Noten Reuters/Gonzalo Fuentes
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Acne Studios EPA/YOAN VALAT
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Chemena Kamali da Chloé EPA/TERESA SUAREZ
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Chloé EPA/TERESA SUAREZ
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Chloé EPA/TERESA SUAREZ
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Off-White Reuters/Benoit Tessier
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Off-White Reuters/Benoit Tessier
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Isabel Marant EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Isabel Marant EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Loewe EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Loewe EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Loewe EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Issey Miyake EPA/YOAN VALAT
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Issey Miyake EPA/YOAN VALAT
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Issey Miyake EPA/YOAN VALAT
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,Semana de Moda de Paris
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Vetements Reuters/Gonzalo Fuentes
,Semana de Moda de Paris
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Marcia Cross no desfile da Vetements Reuters/Gonzalo Fuentes
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Winnie Harlow no desfile da Vetements Reuters/Gonzalo Fuentes
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Georgina Rodriguez no desfile da Vetements Reuters/Gonzalo Fuentes
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Victoria Beckham Reuters/Gonzalo Fuentes
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Victoria Beckham Reuters/Gonzalo Fuentes
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Victoria Beckham Reuters/Gonzalo Fuentes
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Victoria Beckham Reuters/Gonzalo Fuentes
Victoria Beckham
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Protesto no desfile de Victoria Beckham Reuters/Gonzalo Fuentes
Nadège Vanhee-Cybulski
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Hermès Reuters/Gonzalo Fuentes
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Elie Saab EPA/TERESA SUAREZ
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Elie Saab EPA/TERESA SUAREZ
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Elie Saab EPA/TERESA SUAREZ
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Elie Saab EPA/TERESA SUAREZ
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Stella McCartney Reuters/Benoit Tessier
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Stella McCartney Reuters/Benoit Tessier
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Lila Moss no desfile de Stella McCartney Reuters/Benoit Tessier
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Chanel EPA/TERESA SUAREZ
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Durante uma semana, Paris fervilha em torno da moda. Os convidados correm de um desfile para o outro, a tentar vencer o trânsito, de convite em riste, para não perderem pitada do que se vai vestir no próximo Inverno. Tal como em Milão, as silhuetas tornaram-se minimalistas, num despojamento da estética maximalista que a pandemia trouxe, mas sem perder o lado de espectáculo na passerelle. Foram mesmo mais de uma centena de desfiles, de nomes como Balmain, Balenciaga, Chanel, Chloé, Dior, Loewe, Louis Vuitton, Saint Laurent ou Victoria Beckham. Eis os cinco destaques eleitos pelo PÚBLICO.

Saint Laurent e as transparências

O vestido “nu” de Marilyn Monroe (aquele que Kim Kardashian usou no Met Gala) terá sido uma das inspirações do director criativo Anthony Vaccarello para o próximo Inverno na Saint Laurent. Mas, aqui, o “nu” tornou-se literal, numa referência também ao movimento “free the nipple” (libertem os mamilos), com todas as manequins a cruzarem a passerelle sem soutien. O resultado foi um contraste entre sensualidade e elegância.

Na Saint Laurent, libertar os mamilos não é apenas coisa deste século. Em 1968, o próprio Yves Saint Laurent criou uma camisa em chiffon translúcido que revelava o corpo da modelo por baixo — sem soutien, claro. Agora a opção é quase banal e transversal em todas as passerelles. Ainda assim, Vaccarello foi notícia pela decisão de aplicar esta máxima em todos coordenados do desfile.

Entre os tules e os chiffons, a maioria dos coordenados era translúcido, com uma silhueta minimalista a acentuar as formas dos corpos. Anthony Vaccarello manteve a assinatura da Saint Laurent com as saias lápis a dominarem a proposta, bem como os cintos finos a contornar a cintura. Para as blusas, arriscou no corte, com os decotes estilo halter em destaque.

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Saint Laurent CHRISTOPHE PETIT TESSON

“A altura [das saias] é clássica, mas o conteúdo é novo”, sublinhou o criador no descritivo da colecção. A contrastar com a leveza das transparências, as modelos desfilaram com grandes casacos em pêlo nas mãos, prontos a vestir para a próxima estação fria. Não ficou esquecida a alfaiataria, característica da Saint Laurent, que, no próximo Inverno, ganha ombros marcados e estruturados.

A ligação da casa de moda às transparências e tecidos diáfanos também está em destaque no Museu Yves Saint Laurent, em Paris, com uma exposição patente até 25 de Agosto deste ano. É possível ver a camisa de 1968 e outras criações onde o costureiro francês explora a “complexidade” dos conceitos de “corpo e nudez”, pode ler-se na página do museu.

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Chemena Kamali abraça o filho TERESA SUAREZ/LUSA

Estreias na Chloé e na Alexander McQueen

A semana em Paris ficou marcada por duas estreias: Chemena Kamali, como nova directora criativa da Chloé, e Seán McGirr na Alexander McQueen. Com Kamali, a Chloé parece ter voltado à sua era boho com folhos em peças esvoaçantes, sem estampados ou cores berrantes. A aposta esteve nas texturas, com as rendas, os chiffons ou as gangas a dominarem a proposta, que se inspirou nos anos 1970 — época de ouro para a marca, com Karl Lagerfeld ao leme.

No fundo, o que Chemena Kamali quis trazer de volta a mensagem feminista que diferenciou a marca nos anos 1950, quando foi fundada. “Gaby Aghion [que fundou a Chloé] injectou leveza, queria que as mulheres se pudessem mexer e ir trabalhar. E depois, no final dos anos 70, houve [outro] momento de libertação na evolução da feminilidade”, frisou a criadora alemã, que foi anunciada em Outubro passado como a nova directora criativa, citada pelo The Guardian.

No final do desfile, protagonizou um dos momentos mais partilhados desta semana de moda, quando abraçou o filho na passerelle, mostrando um lado humano — raramente presente nestes momentos ensaiados. “A Chloé é sobre emoção, sentimentos e energia feminina. Sempre disse que adoraria trazer de volta os sentimentos que tive quando me apaixonei pela Chloé há mais de 20 anos”, reforçou, evocando o período em que estagiou na marca.

Já Seán McGirr nunca tinha estado na Alexander McQueen até ser anunciado como o novo líder criativo, dias depois da despedida de Sarah Burton. McGirr rompeu com a estética da sua antecessora, afastando-se da era princesa de Gales (de quem Burton era quase a costureira oficial), mas honrou a assinatura do fundador, numa homenagem ao sentimentalismo com um toque de punk e humor de McQueen.

A premissa expressou-se nas peças em vinil, com as manequins a abraçarem o seu próprio corpo, nos casacos com ombros almofadados exagerados ou nas calças que parecem ter encolhido, a evidenciar as curvas das manequins. No fundo, resumiu, é o tipo de “pessoa que ficaria curioso de conhecer nas ruas”.

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Georgina Rodriguez GONZALO FUENTES/Reuters

Balenciaga vs. Vetements

Além das colecções, na Semana da Moda de Paris, há sempre dois nomes que sobressaem: os irmãos Gvasalia. Demna é director criativo da Balenciaga e Guram lidera a Vetements, duas marcas com uma identidade estética semelhante e com os irmãos a lutarem pela autoria de tal assinatura.

Desta vez, foi a Vetements a começar a corrida, com o desfile na sexta-feira, 1 de Março. Antecipando o rol de estrelas que a Balenciaga costuma ter na primeira fila, Guram Gavsalia convidou as próprias celebridades a pisarem a passerelle, tornando esse o principal motivo da notícia, mais do que as peças da colecção.

Em destaque, Georgina Rodriguez que desfilou (literalmente) com a camisola de Cristiano Ronaldo. O criador transformou num vestido de noite vermelho a camisola do futebolista português com a assinatura de Ronaldo. O companheiro não esteve lá para a aplaudir, mas a influencer fez-se acompanhar dos filhos.

No domingo, Demna Gvasalia jogou uma cartada semelhante no desfile da Balenciaga, ostentando a embaixadora Kim Kardashian. Na passerelle, a promessa era trazer uma nova estética, a partir de peças reaproveitadas de colecções anterior. As calças colocadas à volta do pescoço, as gabardines dispostas em frente ao corpo, sem estarem vestidas, ou vestidos feitos com peças de roupa interior mostram a desconstrução que o criador tem trazido à casa de moda parisiense.

“Queria que este desfile representasse uma ligação entre o passado e o futuro da Balenciaga como uma casa baseada no valor criativo”, disse o criador, numa mensagem de voz para os convidados. Além disso, declarou querer recuperar as silhuetas de Cristóbal Balenciaga, o criador catalão eternizado pelos seus cortes inovadores, mas femininos — característica que tem sido apontada como uma falha na interpretação (controversa) de Demna, muito mais ligada ao sensacionalismo do que à criação.

Foto
Victoria Beckham GONZALO FUENTES/Reuters

Protesto em Victoria Beckham

Já é um clássico das semanas de moda: um activista da Peta irromper pela passerelle em forma de protesto. Desta vez, a visada foi Victoria Beckham que viu o seu desfile interrompido por activistas dos direitos dos animais com cartazes, onde se lia “Viva Vegan Leather” (“Viva a pele vegana”, em português). Os manifestantes vestiam também T-shirts a exigir que se colocarem “as peles animais pelas costas” e a lembrar que os “animais não são tecidos”.

Os activistas foram escoltados pelos seguranças, enquanto os telemóveis na sala gravavam o momento. Ainda assim, enquanto Victoria Beckham pisava a passerelle no final do desfile, um deles conseguiu voltar a entrar — a designer sorriu-lhe, parecendo achar piada à interrupção.

Victoria Beckham protagonizou ainda outro dos momentos mais partilhados da semana da moda, ao desfilar na passerelle com ajuda de muletas, devido a uma lesão no ginásio, explicou a criadora. Ainda assim, não deixou de se abraçar ao marido, David Beckham, e aos filhos, Cruz, Brooklyn e Harper, que estavam na primeira fila.

Com tanta disrupção e mediatismo, a colecção quase passou despercebida, mas fez-se de contrastes, entre os vestidos de chiffon e seda leves a chocar com os casacos de silhueta exagerada ou cortes inovadores. Alguns coordenados desenhados pela ex-Spice Girl, que se estreou na Semana da Moda de Paris em 2022, foram mais além, com opções ousadas como blazers sem costas ou o decote exagerado em forma de coração num mini-vestido.

Foto
Virginie Viard TERESA SUAREZ/LUSA

Chanel e o incontornável tweed

Não é Verão, mas Virginie Viard trouxe a estância balnear de Deauville, na Normandia, para a passerelle de Paris. Não faltaram os fatos em tweed, que são imagem de marca da Chanel, sobretudos compridos e enormes (e dramáticos) chapéus para tapar o sol de Inverno.

O desfile começou com uma curta-metragem protagonizada por Penélope Cruz e Brad Pitt — uma alusão ao drama romântico de 1966 Um Homem e uma Mulher, de Claude Lelouch. A actriz espanhola é uma das embaixadoras mais antigas da Chanel e ganhou novo protagonismo no desfile desta terça-feira.

O casal passeia numa praia vazia, pede bifes e vinho tinto num restaurante — as cenas incluem imagens de uma icónica mala Chanel colocada de forma exibicionista — e termina com a personagem de Cruz a chamar a empregada, interpretada pela modelo Rianne Van Rompaey. “Desculpe, tem algum quarto disponível?”

Ficou a resposta no ar e o púbico aplaudiu entusiasticamente — tanto quanto possível num desfile da Chanel. Então, entrou de imediato a primeira modelo na passerelle, com uma vistosa minissaia, botas de cano alto e casaco comprido. Em destaque, o dramático chapéu que dominou a proposta em tons pastel, num desfile onde os acessórios roubaram atenções.

Seguiram-se uma série de conjuntos em tweed, com calças de pernas largas e saias com rachas, acompanhadas de malas de todas as formas e tamanhos. Para dar um toque contemporâneo e não se deixar ficar na repetição de fórmulas, a directora criativa trouxe casacos em pele e até um macacão de couro preto brilhante.

Na galeria de imagens acima, veja as fotografias dos principais desfiles da Semana da Moda de Paris, que encerra nesta terça-feira.

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