Montenegro quer apagar declarações incómodas e puxa a si a liderança do rumo da AD

Durão Barroso animou comício em Santa Maria da Feira ao alertar para a “fatalidade” de um governo liderado pelo PS e ainda “mais dependente” do BE e PCP.

neg -  01 marco 2024 - campanha da ad nem santa maria da feira - montenegro com durao barroso
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Luís Montenegro no final do comício em Santa Maria da Feira Nelson Garrido
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Durão Barroso Nelson Garrido
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Luís Montenegro com Durão Barroso Nelson Garrido
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Luís Montenegro com Durão Barroso Nelson Garrido
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Primeiro foram as declarações de Passos Coelho sobre imigração, depois foram as afirmações de um vice-presidente do CDS sobre a lei do aborto, agora foi o discurso do cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) por Santarém: Luís Montenegro parece estar sempre a apagar fogos. Na Guarda, o líder social-democrata chamou a si a responsabilidade exclusiva de desenhar a estratégia da coligação – quem define o rumo “sou eu e só eu” – independentemente de diferenças de opinião que possa haver na aliança. Ao mesmo tempo, Montenegro deu mais um passo sobre a maioria que deseja ter no dia 10 de Março: não falou numa “maioria clara”, como fez Rui Rocha, mas pediu aos apoiantes ajuda para conseguir “condições para dar governabilidade e estabilidade ao país”.

Na arruada da Guarda, numa manhã fria e à frente de uma caravana ruidosa e confusa, as palavras de Eduardo Oliveira e Sousa sobre a disposição dos agricultores para criarem milícias para travar roubos de cobre, azeitona e castanha nos campos obrigaram Montenegro a dar explicações. “Há uma realidade, há muitos roubos de cobre nas condutas eléctricas. Alertar para isso não é criar alarmismo, é falar de uma realidade com que se confrontam algumas pessoas”, disse, sugerindo aos jornalistas que “interpretem as coisas com naturalidade”.

Mas esta não era a primeira vez esta semana que a campanha da AD está no centro das atenções, desta vez também com uma chuva de críticas à esquerda e também da Iniciativa Liberal sobre o discurso do candidato da AD por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, que falou em investimentos bloqueados pelo Governo por “falsas alterações climáticas”.

Ao final do dia, questionado sobre a posição de condenação de Rui Rocha ao ex-presidente da CAP, Montenegro irritou-se com os jornalistas, falando em “zonas de fanatismo ambiental”. Como por exemplo? "Não viram a lata de tinta que me atiraram esta semana?", retorquiu.

Desafiado a dar exemplos de projectos bloqueados por esse “fanatismo”, o líder da AD respondeu: "Ó meus caros amigos, vamos ver se nos entendemos. Há muitos processos de investimento em Portugal que estão bloqueados por razões ambientais – muitas vezes de forma justificada, outras vezes sem essa justificação."

O tom tenso antecedeu o comício em Santa Maria da Feira, onde se esperava o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Numa intervenção muito aplaudida, Durão Barroso, defendeu que um eventual novo governo liderado pelo PS ficaria “mais dependente dos votos do PCP e BE”. “Teriam muito mais força negocial perante o PS, exigiriam mais condições do que na 'geringonça'. Se por fatalidade tivéssemos um governo do PS, seria um governo mais à esquerda do período pós-revolucionário”, afirmou.

Perante uma plateia de mais de 1400 apoiantes, o antigo primeiro-ministro apelou aos indecisos e condenou o voto de protesto por não resolver os problemas. “Vale a pena ir para um voto de protesto? Não chega”, disse, provocando risos na sala e recebendo uma salva de palmas.

O ex-líder do PSD fez um forte elogio ao actual presidente dos sociais-democratas. “Vou fazer uma declaração importante: Porque razão eu gosto do Luís Montenegro (...) Aprecio a sua simplicidade, moderação. Mas atenção, moderação não quer dizer fraqueza. Daquilo que conheço, sei que ele está muito preparado, conhece os dossiers muito bem e faço votos que seja o próximo primeiro-ministro de Portugal”, apontou.

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