Durão volta a dizer “não” a Belém e pede a PSD que dê “prioridade” às europeias

O antigo líder do PSD marcou presença na Universidade de Verão do partido, onde voltou a afastar uma possível candidatura a Belém. Durão Barroso diz que a “prioridade imediata” devem ser as europeias.

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Durão Barroso esteve presente na Universidade de Verão do PSD Daniel Rocha
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Quase sete meses após ter dito que não se candidatará à Presidência da República em 2026, o antigo primeiro-ministro e líder do PSD, José Manuel Durão Barroso, voltou este sábado a afastar uma possível candidatura a Belém. Na opinião do social-democrata, a "prioridade imediata" do PSD devem ser as eleições europeias, que estão "a poucos meses".

"O PSD deve ter uma prioridade política, que é preparar-se para ser Governo e oferecer ao país um Governo de qualidade", começou por dizer Durão Barroso aos jornalistas em Castelo de Vide, no âmbito da Universidade de Verão do PSD. Para isso, "a prioridade imediata do ponto de vista eleitoral são as [eleições] europeias, que são daqui a uns meses", estando marcadas para dia 9 de Junho de 2024.

“As europeias são muito importantes para o país em geral e para o PSD em particular”. E continuou: "o PSD tem história, experiência, credibilidade e autoridade" para falar sobre a União Europeia. “Foi com o PSD e o Governo de Cavaco Silva que dirigimos a entrada de Portugal na União Europeia. Foi um Governo do PSD que tirou Portugal da bancarrota em que tinha sido posto pelos socialistas e por José Sócrates”, relembrou o antigo presidente da Comissão Europeia.

"Devíamos estar orgulhosos desse património e agora prepararmo-nos bem para as europeias, porque são muito importantes. Temos de ver como é que podemos modernizar e reformar Portugal e fazê-lo de acordo com o projecto europeu", continuou. Para o social-democrata, "a prioridade é sempre a governação do país", sendo necessário encontrar "outro Governo para Portugal", no entanto, "temos de o preparar", constatou.

Questionado sobre uma possível candidatura a Belém, o social-democrata voltou a afastar esse cenário, remetendo para as declarações prestadas em Fevereiro. Na época, Durão Barroso descartou candidatar-se a Presidente da República em 2026. "É o cargo mais importante que um português pode ter... Não há minimamente uma hipótese", disse então, acrescentando que não está "há muito tempo" na vida política.

O também social-democrata, Luís Marques Mendes, admitiu no final de Agosto poder vir a candidatar-se a Belém. Para Durão Barroso, "é bom todos aqueles que têm e se sentem com capacidade de determinados cargos fazerem saber a sua disponibilidade". No entanto, voltou a frisar a "prioridade imediata" são as eleições europeias, sem descartar, todavia, que se "deve olhar também para o médio e longo prazo".

"Quem diz que a guerra vai acabar?"

Durão Barroso marcou presença física na Universidade de Verão do PSD pela quarta vez desde a sua fundação, em 2003, uma escola de verão que partiu da sua iniciativa.

Num painel intitulado "A Europa e o mundo: desafios e perspectivas", o antigo primeiro-ministro e líder da Comissão Europeia, falou sobre a União Europeia (UE), a sua importância na construção de uma Europa mais unida e nos desafios que tem pela frente. Inevitavelmente - e também motivado pelas questões dos jovens presentes na sala - o social-democrata abordou a guerra na Ucrânia, que teve início em Fevereiro no ano passado, e as implicações de um possível alargamento.

"Putin nunca aceitou psicologicamente e emocionalmente uma realidade chamada Ucrânia. Poderá haver negociação, mas uma verdadeira reconciliação, uma paz, como houve na nossa Europa [após a segunda Guerra Mundial], não vejo que seja possível. Quem diz que há uma solução? Quem diz que a guerra vai acabar?", disse.

"Sou a favor da Ucrânia na NATO e na UE, mas acho que tem de ser feito com muita inteligência, sensibilidade e cuidado. Acho que não se pode baixar a exigência para pertencer à União Europeia", constatou. O europeísta considera que "temos um horizonte em que os países se devem preparar para um alargamento da União Europeia".

No entanto, tudo depende da "capacidade de absorção de novos membros": "Se formos 35 países, teremos de mudar algumas coisas na UE. Tem de haver qualquer criatividade jurídico-constitucional para que esteja preparada para acolher novos membros", reconheceu.

Também a imigração preocupa o antigo primeiro-ministro português. "Precisamos de uma política de migração que seja generosa, mas também disciplinada. Porque se não, a UE é uma porta de entrada para forças extremistas, xenófobas e racistas. É preciso limites", mas "encontrar o equilíbrio não é fácil". "Portas abertas, sim. Portas escancaradas, não", disse.

"Há problemas" na União Europeia, reconheceu o social-democrata. E continuou: "Tentámos simplificar a realidade, fazer generalizações fáceis por definição, mas a realidade é complexa. A UE tem coisas em que tem de progredir e coisas em que tem regredido". No entanto, Durão Barroso assegura: "estou confiante quanto ao futuro da integração europeia".

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