“Não se pode negociar com Putin, ele tem de ser derrotado”, diz Yulia Navalnaya

A viúva do activista e opositor russo Alexei Navalny foi a Estrasburgo pedir apoio para o seu combate político ao regime de Putin, e também justiça pela sua morte.

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Navalnaya falou aos líderes europeus Reuters/Johanna Geron
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Yulia Navalnaya, a viúva do activista e opositor político russo Alexei Navalny foi até Estrasburgo pedir aos membros do Parlamento Europeu que ultrapassem a “exaustão e desilusão” causadas pela morte do seu marido e pelos últimos dois anos de guerra de agressão contra a Ucrânia, e que continuem a apoiar o combate contra o regime do Presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Não se pode negociar com ele”, declarou

“Putin tem de responder por tudo o que fez ao meu país. Putin tem de responder por tudo o que fez a um país vizinho pacífico. E Putin tem de responder por tudo o que fez ao Alexei”, afirmou Yulia Navalnaya, lamentando que o seu marido nunca tenha oportunidade de ver “como será a linda Rússia do futuro” quando o Presidente russo for derrotado. “Mas nós, sim”, acrescentou, prometendo, mais uma vez, “fazer tudo o que puder para que esta visão se torne realidade”.

Num discurso de dez minutos no plenário do Parlamento Europeu, a mulher de Alexei Navalny renovou o seu compromisso de dar continuidade ao combate político contra a corrupção e o crime organizado na Rússia e aquele que identificou como o seu cabecilha, Vladimir Putin, que descreveu como o “líder de um gangue criminoso” que inclui “envenenadores e assassinos”.

Esse foi o génio do seu marido, um “inovador” que com as suas ideias e projectos se tornou o mais famoso opositor ao regime, capaz de “inspirar dezenas de milhões de pessoas” e “fazer o Kremlin entrar em pânico” — nas suas palavras, “a inovação de Navalny foi combater a corrupção e o crime organizado, não a concorrência política”.

O seu apelo aos legisladores europeus foi para a União Europeia fazer o mesmo. “Para derrotar Putin, é preciso ser inovador. Têm de parar de ser aborrecidos”, aconselhou, dizendo que não serão “mais resoluções e sanções que vão incomodar, punir ou derrotar Putin. Ele não segue regras, não tem princípios, nem moral. Não é um político, é um monstro”, considerou.

Yulia Navalnaya sugeriu que a UE troque as suas “declarações diplomáticas de preocupação” por “verdadeiras investigações às maquinações financeiras do regime”, e pediu aos líderes europeus para manterem a sua firmeza, e não cederem à tentação de negociar, depois de tanta “desilusão, exaustão e sangue derramado”. “As pessoas começaram a habituar-se à guerra, e até a dizer que é preciso chegar a um acordo com Putin. Mas não. Se ainda houvesse dúvidas, a morte de Alexei mostra como Putin é capaz de tudo e que não se pode negociar com ele”, observou.

E ofereceu-se como exemplo, lembrando que nos 12 dias que passaram desde a morte do marido esteve a preparar discursos e a responder às “perguntas importantes” que lhe fazem sobre como prosseguir a luta de Alexei, ao mesmo tempo que organizava o seu funeral. “É depois de amanhã, e ainda não sei se será pacífico, ou se a polícia vai tentar prender quem quiser ir prestar homenagem e despedir-se do meu marido”, observou.

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