Funeral de Navalny vai realizar-se na sexta-feira em Moscovo

Autoridades russas têm reprimido manifestações de apoio e de homenagem ao opositor político russo. Viúva admite ter receio de detenções.

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Homenagem a Navalny em Barcelona (Espanha) Reuters/NACHO DOCE
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O funeral de Alexei Navalny vai realizar-se na próxima sexta-feira em Moscovo, anunciou nesta quarta-feira a porta-voz do opositor político russo, Kira Yarmysh, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

Segundo Yarmysh, que apelou a todos aqueles que querem dizer o último adeus a Navalny que “venham cedo”, a cerimónia está marcada para as 14h (11h em Portugal continental) numa igreja da capital russa no bairro de Maryino. O corpo será, depois, enterrado no Cemitério Borisov.

Determinado a impedir que Navalny seja transformado num mártir, o Governo russo tem recorrido a uma forte repressão para desmobilizar as manifestações públicas de homenagem ao activista político.

Centenas de pessoas foram detidas nos últimos dias por terem feito ou participado em homenagens, vigílias ou, simplesmente, por depositarem flores em locais públicos e em monumentos de cidades da Rússia.

É, por isso, provável que as forças de segurança do país montem um forte dispositivo de segurança nas imediações do local onde vai realizar-se o funeral. A grande incógnita, por esta altura, é saber se os apoiantes de Navalny vão comparecer em peso, num gesto claro de desafio às autoridades.

“O funeral vai realizar-se depois de amanhã e ainda não tenho a certeza se será pacífico ou se a polícia vai prender quem for dizer adeus ao meu marido”, admitiu nesta quarta-feira Yulia Navalnaya, mulher de Navalny, num discurso proferido no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Navalny morreu no passado dia 16, quando se encontrava detido numa penitenciária de alta segurança na Sibéria, cumprindo uma longa pena de prisão por crimes que diz terem “motivações políticas” e envolvimento do Kremlin.

A revelação da data e do local do seu funeral surge poucos dias depois de o corpo ter sido finalmente entregue à mãe, em Salekhard, na Sibéria, após várias tentativas. Lyudmila Ivanovna acusou as autoridades do país de terem feito “chantagem” consigo com o intuito de serem elas a “definir as condições sobre onde, quando e como Alexei deve ser enterrado”.

De acordo com a equipa do activista político, Ivanovna terá sido inclusivamente informada pelos responsáveis pela investigação das causas da morte do filho de que, se não aceitasse um funeral “secreto”, Navalny seria enterrado na colónia penal onde morreu.

O Kremlin negou, no entanto, estas denúncias, assim como qualquer envolvimento do Estado russo na morte de Navalny, cujo estado de saúde já se apresentava frágil quando foi transferido, no final do ano passado, de um estabelecimento prisional nos arredores de Moscovo para a prisão onde veio a morrer.

Segundo a certidão de óbito providenciada pelas autoridades russas, a sua morte deveu-se a “causas naturais”.

Uma das principais figuras dos últimos anos da oposição política ao Kremlin, Alexei Navalny foi envenenado em 2020, segundo o Governo alemão e as equipas médicas que o trataram, com o agente nervoso Novichok, uma arma química associada aos serviços secretos soviéticos.

No início de 2021, de regresso à Federação Russa, foi detido. Nos meses e anos seguintes, foi condenado por vários crimes, como fraude, apoio a uma “rede extremista” ou violação de liberdade condicional, numa pena total de 30 anos de prisão, aos quais respondeu denunciando uma “perseguição” do Governo russo.

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