Depois do projecto-piloto, empresas britânicas decidiram: a semana de quatro dias é para ficar

A maioria das empresas quis continuar a trabalhar assim até hoje, e metade já tornou a medida permanente. As melhorias a nível da saúde mantiveram-se, um ano depois do projecto-piloto.

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Os CEO que participaram no projecto-piloto dizem que a semana de quatro dias teve um impacto “positivo” ou “muito positivo” Jacek Dylag/Unsplash
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Um ano depois do projecto-piloto da semana de quatro dias no Reino Unido, há um relatório que nos diz como correu. E as notícias são positivas: melhor saúde mental e física, níveis mais altos de satisfação, redução do burnout.

Das 61 empresas que participaram no programa de 2022, pelo menos 54, ou seja, 89%, confirmaram que continuam a trabalhar nestes moldes e 51% decidiram tornar a semana de quatro dias uma medida permanente.

Assim terá sido porque os presidentes executivos consultados referiram que a semana de quatro dias teve um impacto “positivo” ou “muito positivo” nas suas empresas: 82% reportaram que melhorou os níveis de bem-estar dos funcionários, 50% viram efeitos positivos da diminuição de rotatividade de trabalhadores e 32% apontaram que melhorou o recrutamento.

Foi entre Junho e Dezembro de 2022 que trabalhadores e patrões destas empresas acordaram trabalhar 80% do tempo pelo mesmo salário. A condição era não diminuir a produtividade ou o trabalho feito. E foi isso mesmo que aconteceu, como mostra o relatório Making It Stick: The UK Four-Day Week Pilot One Year On, publicado nesta quarta-feira, pela Autonomy, que coordenou o projecto-piloto em parceria com investigadores das universidades de Cambridge e Oxford, bem como do Boston College.

Para Juliet Schor, professora de Sociologia no Boston College, os resultados são “excelentes”. “O ponto central é que estas conclusões de seis meses não são surpreendentes nem têm impacto a curto prazo. Estes efeitos são reais e duradouros”, refere.

“As melhorias na saúde física e mental, e a satisfação a nível geral, bem como a redução do burnout, mantiveram-se um ano depois”, corrobora Will Stronge, director de investigações na Autonomy.

A maioria das empresas que participaram neste projecto-piloto é da área de marketing e publicidade, serviços profissionais e sector não lucrativo. As restantes fazem parte da indústria de construção, manufactura, retalho, saúde e arte e entretenimento.

Para se adaptarem à semana de quatro dias, as empresas tiveram de rever os protocolos das reuniões e trabalhar na comunicação e na definição de prioridades.

O relatório perguntou também aos trabalhadores o que estavam a fazer no que antes era o quinto dia de trabalho. A resposta foi semelhante à que obtiveram durante os seis meses do projecto-piloto: dedicam-se a passatempos, mas também a despachar tarefas, de forma a poder desfrutar de um fim-de-semana em pleno.

A semana de quatro dias tem vindo a ganhar fôlego em diversos países. Também em Portugal arrancou um projecto semelhante, em Junho de 2023, que envolveu directamente 21 empresas (331 trabalhadores) e mais de 20 organizações (773 trabalhadores) que já tinham começado a experiência antes.

Em Dezembro último, os resultados mostravam que os níveis de exaustão reduziram em 19% e a percentagem de trabalhadores que consideram ser difícil ou muito difícil conciliar trabalho e família caiu de 46% para 8%. Dos participantes inquiridos, 85% referiram também que só mudariam para uma empresa onde se trabalha cinco dias se lhes pagassem mais 20% do salário.

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