Palcos da semana: entre Fantasporto e teatro, a resistência
Vêm aí canções em que A Mulher É Uma Arma, cerca de 100 filmes do fantástico (e não só), A Senhora de Dubuque em estreia, um festival pela Resistência e outro para fazer rir.
Periferias em resistência
Do Ruanda à Palestina, sem perder Abril de vista, o Periferias - Festival Internacional de Artes Performativas entrega-se à Resistência. É o tema eleito para a 13.ª edição, com curadoria de Paula Pedregal.
Começa por dar palco à britânico-ruandesa Dorothée Munyaneza, que em Toi, Moi, Tituba… move corpo, palavra e música “em nome de todos aqueles cuja existência foi negada pelo sistema colonial”. Depois, virá Joana Craveiro, ora a Desver - Uma Breve Performance sobre Um País Ocupado por Outro (ou o conflito israelo-palestiniano pelos próprios olhos), ora como autora do filme Elas Também Estiveram Lá.
Também por lá passa Teresa Fabião, a convocar para Una, um solo de reflexão sobre o VIH. A Bruxa Teatro há-de contar como Chovem Amores na Rua do Matador. Para completar o programa, há um workshop e uma apresentação do palestiniano The Freedom Theatre, uma exposição sobre Mulheres e Territórios de Resistência, canções de Coletânea Estefânia, conversas e uma peça infanto-juvenil do Saaraci Colectivo Teatral.
A luta nas vozes delas
Se a canção foi uma arma, as mulheres também entraram na luta. O espectáculo A Mulher É Uma Arma vem reclamar esse papel – e, de caminho, lançar “um repto às mulheres do século XXI relembrando todas as conquistas de Abril e o caminho que ainda há para desbravar”, desafia a nota de imprensa.
Ana Bacalhau, Katia Guerreiro, Luanda Cozetti, Patrícia Antunes, Patrícia Silveira, Rita Redshoes, Sofia Escobar e Viviane dão as vozes ao manifesto, feito de menções a Sérgio Godinho, Manuel Alegre, José Afonso, Natália Correia, Maria Lamas, Chico Buarque e outros autores, e envoltas em imagens de tempos revolucionários.
A direcção é de Renato Júnior, produtor e compositor com quem as oito já tinham trabalhado, em 2019, no projecto Uma Mulher Não Chora, na altura a propósito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
O inédito e o fantástico
De volta ao Batalha, onde se instalou no ano passado, o Fantasporto prepara-se para exibir, dentro e fora de competição, à volta de uma centena de filmes, oriundos de 34 países, “todos inéditos e em estreia nacional, europeia, internacional e mesmo mundial”, assegura a organização do festival portuense, onde o cinema fantástico já não engole todo o programa, mas continua a ter lugar privilegiado.
Testament, o novo do franco-canadiano Denys Arcand, tem honras de abertura desta 44.ª edição. Para o final, está reservado Creation of Gods I: Kingdom of Storms, do chinês Wuershan. Entre eles, hão-de avistar-se a longa do português João Bruno Best Cop Ever, o horror pelo japonês Hideo “The Ring” Nakata em The Forbidden Play ou o norte-americano David Duchovny como realizador de Bucky F*cking Dent.
Em cartaz estão também quatro retrospectivas: do realizador belga Karim Ouelhaj, do cinema húngaro, da produção do Cazaquistão e de Manga to Live Image.
Senhora tensão
Três casais de amigos num serão de jogos que se torna cada vez menos divertido e mais inquietante, destrutivo e assombrado. A tensão adensa-se quando um quarto casal ali chega de surpresa e, com ele, uma figura de identidade enigmática. “Será um anjo da morte?”, pergunta a folha de sala de A Senhora de Dubuque, a peça que o Trindade está prestes a estrear.
A encenação é de Álvaro Correia. O texto, de Edward Albee, o galardoado dramaturgo norte-americano que também escreveu Quem Tem Medo de Virginia Woolf? ou The Zoo Story. Alberto Magassela, Álvaro Correia, Benedita Pereira, Cucha Carvalheiro, Fernando Luís, Manuela Couto, Renato Godinho e Sandra Faleiro assumem as personagens. Nuno Carinhas trata da cenografia e dos figurinos.
Ele tem cinco humores
Ele, o festival Humorfest, quer pôr o Algarve a rir seja de que forma for. A primeira é entrar, em modo stand-up, no Resort desbocado de Marta “Beatriz Gosta” Bateira. A segunda é embarcar nos mal-entendidos da comédia O Regresso de Ricardo III no Comboio das 9h24, encenada por Ricardo Neves-Neves a partir do texto de Gilles Dyrek.
Depois, a psicanálise política entra Pela Ponta do Nariz, entre Aldo Lima e José Pedro Gomes. Segue-se um convite para entrar na Residência Sénior Antúrios Dourados, onde Maria Rueff e Joaquim Monchique disputam um lugar num Lar Doce Lar. Para o final, fica a comédia proporcionada por João Paulo Rodrigues e Pedro Alves na pele de Quim Roscas e Zeca Estacionâncio.