Mais de 150 pessoas condenadas na Rússia por homenagens a Navalny
Segundo a organização não-governamental OVD-Info, pelo menos seis pessoas foram espancadas depois de serem detidas em acções de homenagem a Navalny.
A justiça russa condenou pelo menos 150 das centenas de pessoas detidas em homenagens a Alexei Navalny, durante este fim-de-semana. Segundo dados judiciais divulgados este domingo, em causa estarão violações da legislação relativa a manifestações na Federação Russa.
Alexei Navalny, um dos principais críticos do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu na sexta-feira, aos 47 anos, numa prisão no Árctico, onde cumpria uma pena de 30 anos por vários crimes que o activista dizia serem motivados apenas pela sua oposição ao regime.
Na Rússia, centenas de pessoas, em dezenas de cidades, improvisaram memoriais com flores e velas, em homenagem às vítimas da repressão política, mesmo sabendo que poderiam ser detidas e condenadas, ao abrigo da legislação que proíbe concentrações não autorizadas previamente pelas autoridades. Os protestos multiplicaram-se por todo o mundo: de Tóquio, no Japão, às capitais europeias.
De acordo com a agência France Presse, só em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, os juízes condenaram, neste fim-de-semana, 154 manifestantes a cumprir até 14 dias de prisão. Organizações de defesa dos direitos humanos e meios de comunicação social independentes deram conta de várias condenações semelhantes noutras cidades russas.
Segundo a organização não-governamental OVD-Info, pelo menos seis pessoas foram espancadas depois de serem detidas.
Fardados ou à paisana, agentes das forças de segurança patrulharam os locais onde os cidadãos russos se reuniram para homenagear Alexei Navalny. Durante a noite, foram vistos a desmantelar memoriais temporários. Nas redes sociais foram também divulgadas imagens que mostram homens encapuzados a colocarem flores em sacos de lixo numa ponte perto do Kremlin, onde outro forte opositor de Putin, Boris Nemtsov, foi assassinado em 2015.
Navalny foi detido em 2021, na Rússia, logo após ter regressado da Alemanha, onde esteve a recuperar de um ataque com veneno de que foi alvo em 2020. Quando, no Verão do ano passado, foi condenado a mais 19 anos de prisão, além da pena de 11 anos e meio que já cumpria, Alexei Navalny afirmou que estava "a cumprir uma pena de prisão perpétua" — fosse até ao fim da sua vida ou até ao fim da vida do regime. Morreu a um mês das eleições presidenciais na Rússia que deverão permitir a Putin manter-se no poder por mais seis anos.