PSP e GNR voltam aos protestos com vigílias nos aeroportos

Plataforma que congrega sindicatos da PSP e associações da GNR promove desde as 6h vigílias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada e Funchal, além do porto marítimo de Lisboa.

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Polícias numa manifestação no fim de Janeiro em Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Elementos da PSP e da GNR voltam esta quinta-feira aos protestos por melhores condições salariais, exigindo um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, com vigílias nos aeroportos portugueses e porto marítimo de Lisboa.

Depois das manifestações em Lisboa e no Porto, que em Janeiro juntaram milhares de elementos das forças de segurança e que foram consideradas as maiores de sempre, a plataforma que congrega sindicatos da PSP e associações da GNR promove a partir das 6h vigílias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada e Funchal, além do porto marítimo de Lisboa.

No aeroporto de Lisboa, há cerca de 70 elementos da PSP e da GNR em vigília desde as 6h. Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da plataforma que congrega os sindicatos da PSP e GNR e presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira, disse que esta vigília vai durar até à hora de almoço, é simbólica e visa chamar a atenção de quem visita Portugal para os problemas da polícia portuguesa.

"É muito importante a nossa presença aqui. Por um lado para dar a conhecer os nossos problemas e por outro para manter na ordem do dia o assunto para que o próximo Governo tome decisões".

A plataforma exige um suplemento idêntico ao que foi atribuído à Polícia Judiciária. “Esta vigília é simbólica e tem a ver com uma questão essencial para Portugal: O turismo. (…) a segurança não é um dado adquirido. Estamos aqui presentes para projectar e consciencializar as pessoas que nos visitam, que vêm investir em Portugal, as pessoas que querem cá viver. Queremos que vejam a forma como o poder político tratou as forças de segurança”, disse.

Bruno Pereira indicou que os policias e militares da GNR vão continuar os protestos por aquilo que consideram ser um "tratamento desigual e discriminatório”, após o Governo ter aprovado o suplemento de missão para a PJ.

“Queremos continuar a discutir o que foi feito e o que tem vindo a ser feito contra as polícias que é nada ou muito pouco, do ponto de vista da avaliação da sua condição, equipamentos, uma reestruturação de fundo, criar atractividade de uma função historicamente era reconhecida. Deixa-me triste como o Governo olhou com vistas curtas, com olhar claramente secundário o papel e a essencialidade das forças portuguesas”, salientou.

Este responsável disse também à Lusa estar satisfeito por o problema estar a ser abordado nos debates entre candidatos às eleições legislativas de 10 de Março. “Debater e discutir segurança interna nunca foi uma temática discutida neste quadro, mesmo que não seja com premência e acuidade que ela tem, fico feliz em ver os assuntos abordados. É demonstrativo que há aqui um virar de página, que a segurança interna seja discutida como discutimos a saúde, a educação e a habitação (…). Ainda com alguma timidez, mas é importante que continuem a discutir”, disse.

Sobre a reunião convocada pelo Ministério da Administração Interna para quarta-feira sobre os serviços remunerados nas forças de segurança, que acabou a anulada por recusa dos sindicatos da PSP e das associações da GNR em participarem no encontro, Bruno Pereira disse que parecia um “contra-senso”. “O Governo quis fazer passar a ideia que estão preocupados em discutir com as forças de segurança uma questão que está por resolver há anos e sobre a qual sindicatos e associações apresentaram as suas propostas há mais de um ano. Vão agora convidar os sindicatos, numa altura destas!”, disse.

Nesta vigília, os polícias e militares da GNR estão à civil e estão concentrados junto à zona das chegadas do aeroporto de Lisboa.

Alguns dos passageiros que chegaram hoje a Lisboa e que passaram junto à concentração disseram à Lusa que não se tinham apercebido tratar-se de um protesto de polícias. Maria Fonseca, que chegou a Lisboa vinda de Madrid, contou que foram as câmaras de televisão que chamaram a atenção. "De facto vi este aglomerado de pessoas mas não me apercebi que se tratava de um protesto de policias", referiu, acrescentando: "Os polícias fazem a segurança das pessoas, mas também têm direito a lutar por melhores condições de trabalho”.

Os elementos da PSP e da GNR têm protagonizado vários protestos para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, tendo a contestação começada há mais de um mês.

A maioria das manifestações tem sido convocada através de redes sociais, nomeadamente WhatsApp e Telegram, tendo surgido o movimento inorgânico ‘movimento inop’ que não tem intervenção dos sindicatos, apesar de existir a plataforma criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.

Nas últimas semanas, polícias da PSP e militares da GNR apresentaram baixas médicas, o que levou ao cancelamento de jogos da I e II liga de futebol, apesar de a plataforma não assumir que sejam uma forma de protesto, tendo o ministro da Administração Interna determinado a abertura de um inquérito urgente à Inspecção Geral da Administração Interna sobre estas súbitas baixas.