A Semana da Moda de Londres arranca nesta sexta-feira com criadores novos e consagrados, que apresentam as propostas para o próximo Outono/Inverno. Nomes como a Burberry, David Koma, Marques'Almeida ou Simone Rocha juntam-se às comemorações do 40.º aniversário do certame britânico.
Representantes do British Fashion Council (BFC) vão abrir a Bolsa de Valores de Londres no primeiro dia do evento; e marcos londrinos como Covent Garden e o London Eye serão iluminados de verde para marcar o aniversário e celebrar a contribuição da indústria criativa para a economia britânica.
No ano passado, as vendas de vestuário feminino e masculino no Reino Unido foram avaliadas em 47,5 mil milhões de libras (cerca de 55 mil milhões de euros), de acordo com o BFC, citando a empresa de investigação Mintel.
O conselho de moda britânico foi fundado em 1983 e a primeira Semana da Moda de Londres realizou-se um ano mais tarde. É um dos quatro grandes eventos de moda mundial a par de Nova Iorque, Milão e Paris.
Londres distingue-se dos pares pelos talentos emergentes e tendências de vanguarda a que dá espaço na passerelle. Além disso, foi onde iniciaram a carreira designers conceituados como Alexander McQueen (1969-2010) ou Stella McCartney.
“Londres sempre foi famosa pela extraordinária criatividade e diria que é isso que a distingue”, reforça Lydia Slater, editora-chefe da Harper's Bazaar UK, à Reuters. “Se olharmos para muitas das casas de moda enormes e bem-sucedidas, são muitas vezes lideradas por criadores britânicos que começaram aqui e que deixaram a sua marca na London Fashion Week.”
Ao longo dos anos, Londres tem proporcionado alguns dos principais pontos altos da moda: desde robots que pintam com spray o vestido branco da modelo Shalom Harlow no desfile Primavera/Verão 1999 da McQueen até modelos que transformam mobiliário em roupa na apresentação Outono/Inverno 2000 de Hussein Chalayan.
“Se estivermos a tentar começar em Paris, por exemplo, as marcas [do calendário oficial] são tão grandes, tão brilhantes e tão polidas que é muito difícil deixar a nossa marca dessa forma”, argumenta Slater.
“Em Londres, por outro lado, é possível ser um pequeno designer e ter um desfile que faz um sucesso incrível, fazendo algo realmente peculiar e diferente. E acho que é por isso que, ao longo dos anos, vimos tantas coisas interessantes acontecerem em Londres que não se pode imaginar que aconteçam noutras semanas de moda”, assevera a editora da Harper's Bazaar.
Há, ainda, outros momentos históricos da semana da moda, como quando a rainha Isabel II assistiu ao desfile do designer Richard Quinn em 2018.
Nesta temporada, haverá mais de 150 eventos na Semana da Moda de Londres. No calendário oficial, destaca-se a dupla portuguesa Marques'Almeida, de Marta Marques e Paulo Almeida, que dividem o projecto entre Portugal e Inglaterra, onde lançaram o projecto. Por cá, fazem parte do elenco de designers do Portugal Fashion.
“Os designers NEWGEN estarão definitivamente na linha da frente, sob os holofotes”, diz à Reuters Caroline Rush, directora executiva do BFC, referindo-se a um programa de apoio financeiro e orientação para novos designers. “Mas também estamos muito entusiasmados por ver Simone Rocha, Roksanda, Emilia Wickstead, 16Arlington, e o desfile da Burberry, na segunda-feira, será definitivamente para não perder”, conclui.