BMW CE 02: um “brinquedo” eléctrico elegante, eficiente… e caro

Eficaz na cidade e competente q.b. fora dela, a CE 02 é a nova aposta de mobilidade verde da BMW. A versão mais equipada, potente e interessante chega a Portugal desde 9125 euros.

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A CE 02 é a nova aposta da BMW para a mobilidade citadina Daniel Kraus
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Liga-se à corrente e faz lembrar uma bicicleta eléctrica, mas não é; e também não lhe podemos chamar uma scooter — a estrutura não tem nada a ver. Tem a equivalência técnica a uma moto de 125cc, mas tem quatro ou cinco vezes mais binário para a mesma potência; e custa duas ou três vezes mais, embora aqui o preço seja um detalhe — importante, claro, mas um detalhe.

A BMW decidiu chamar-lhe eParkourer (em alusão à técnica de superar obstáculos, nomeadamente em cidade), uma estratégia de marketing bem montada, direccionada ao público jovem que procura estilo e mobilidade citadina, sem descurar a preocupação ecológica. Mas, contas feitas, trata-se de uma nova moto eléctrica, mais uma na aposta da BMW, agora no segmento abaixo da CE 04 que testámos há cerca de um ano.

A BMW CE 02 apresenta uma excelente manobrabilidade a baixa velocidade, conseguindo progredir no trânsito tão bem ou melhor que uma scooter convencional, graças ao corpo estreito e baixo peso, cerca de 130 kg. Ainda assim, tem marcha-atrás, que facilita muito o estacionamento em locais inclinados — um must que todas as motos deviam ter.

A suspensão é muito confortável, tolera bem lombas e buracos e o sistema de travagem, com discos nas duas rodas, aliados ao sistema de regeneração, é competente. O controlo de estabilidade e o ABS na roda da frente são outros argumentos de segurança importantes.

Já na roda traseira não há controlo de travagem, e é de propósito. A BMW procurou criar uma moto divertida, sendo fácil fazê-la derrapar sem assustar. E, apesar da posição de condição direita, os pisa pés do pendura podem ser usados pelo condutor — é a própria marca que o recomenda — para uma condução mais “desportiva”.

Depois, para além do desenho futurista e coerente com a “prima” CE 04, puxa pela criatividade, convidando os donos a encher de autocolantes as largas estruturas laterais, como fez questão de nos explicar Andreas Wimmer, o líder de projecto da CE 02 que acompanhou​ a apresentação internacional aos jornalistas na semana passada em Cascais.

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A BMW CE 02 mostrou-se competente em estrada. Comportamento em curva não foi convincente Daniel Kraus

Na volta que fizemos, cerca de 50 km com passagem pela praia do Guincho e pelo cabo da Roca, pudemos experimentar a CE 02 em estrada aberta. O elevado binário dá-lhe muita graça na saída de curva, mas a frente pareceu-nos bastante solta quando a maior velocidade, o que não é uma sensação agradável. Dito isto, vez nenhuma vez a roda da frente saiu do sítio, ainda que com partes do alcatrão bastante húmidas.

A velocidade máxima está limitada a 95 km/h, onde se chega com facilidade, sobretudo no uso do modo Flash, o mais despachado dos três disponíveis na versão Highline, a mais cara da CE 02. Os outros chamam-se Surf (para rolar) e Flow (para cidade), sendo que, além da resposta do acelerador, também ajustam electronicamente a regeneração. Termos adequados ao marketing, a apontar para quem bem os compreende.

A versão Highline, que testámos, inclui elementos de utilidade, tais como o apoio para o telemóvel — a porta é USB-C —, sistema de chave “keyless”, aquecedor de punhos e um banco mais confortável. Mas não muito: ao final de uma hora, o corpo pede para parar. Afinal, estamos a falar de uma moto citadina, esta volta de estrada demonstrou a capacidade, não a conveniência.

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A BMW CE 02 vai chegar a Portugal em duas versões: uma com duas baterias e 11 kW de potência (15cv) e outra com uma bateria e 4 kW (5cv), adequada para a carta AM (14-16 anos).

Os tempos de carga (a 0,9 kW) variam de acordo com o número de baterias. Para carregar dos 20% aos 80%, anuncia a marca, são precisos 85 minutos na versão de menor capacidade e quase três horas na de 11 kW. A versão Highline pode ser carregada mais rapidamente, a 1,5 kW, ou seja, 20 a 80% em cerca de hora e meia.

A autonomia anunciada nesta versão é de 90 quilómetros. O nosso teste foi curto, mas pegámos nas motos com a bateria cheia e, 50 km depois, sobrava-nos 36% de capacidade. Não é fantástico, mesmo em cenário de teste, mas pareceu-nos adequado à condução citadina, onde bastará uma carga por semana, considerando a utilização em pequenos trajectos.

Os preços começam nos 7215 euros para a versão de entrada de 4 kW (equivalente a uma 50cc), passam pelos 8215 euros na versão base de 11 kW e atingem os 9125 euros na mais equipada Highline. Ou seja, é um “brinquedo” caro, em particular em mercados como o nosso. Para referência, há à venda em Portugal motos a gasolina com 125cc por menos de três mil euros.

Por outro lado, o motor eléctrico, além do silêncio e do elevado binário, permite manutenções acessíveis, que acontecem a cada dez mil quilómetros. A BMW prevê que a CE 02 esteja disponível em Portugal no final da Primavera.

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