Resultado final das eleições dá 93 deputados aos independentes ligados a Imran Khan

O partido do principal rival do ex-primeiro-ministro actualmente preso só conseguiu 75 lugares no Parlamento.

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Manifestação de apoiantes do ex-primeiro-ministro Imran Khan em Rawalpindi EPA/SOHAIL SHAHZAD
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Os resultados finais das eleições nacionais no Paquistão colocam os independentes, apoiados pelo ex-primeiro-ministro Imran Khan, na liderança, com 93 dos 264 lugares. O partido de outro antigo primeiro-ministro, Nawaz Sharif, ficou em segundo lugar, com 75 lugares, após a votação de quinta-feira, sem uma maioria clara, mas foi o maior partido no Parlamento, uma vez que os independentes de Khan candidataram-se individualmente porque o seu partido foi impedido de concorrer.

Enquanto decorriam as conversações sobre a coligação e os manifestantes bloqueavam as estradas no Norte do país, não era claro quem iria formar governo. A contagem final dos votos foi publicada pela comissão eleitoral mais de 60 horas após o fim da votação, o que levantou questões sobre o atraso.

Os antigos primeiros-ministros e rivais declararam ambos a vitória, aumentando a incerteza numa altura em que o país enfrenta numerosos desafios urgentes, incluindo a negociação de um novo programa do Fundo Monetário Internacional para ajudar a sua economia, que passa por dificuldades.

O candidato a primeiro-ministro tem de apresentar uma maioria simples de 169 lugares na Assembleia Nacional quando esta for convocada nos próximos dias. Esta maioria será determinada pelas negociações de uma coligação e pela possibilidade de os candidatos apoiados por Khan se juntarem a um partido mais pequeno no Parlamento para formar um bloco único.

O partido de Khan, o Movimento pela Justiça no Paquistão (PTI), ameaçou realizar manifestações pacíficas nacionais no domingo, se a contagem dos votos não fosse divulgada durante a noite. Embora o protesto em grande escala tenha sido cancelado, uma fonte policial e automobilistas disseram que centenas de apoiantes do PTI tinham bloqueado o trânsito na cidade de Peshawar, no Norte do país.

“Estamos presos aqui porque os membros do PTI cortaram a estrada como forma de protesto”, disse o motorista Shah Zaman Khan. Uma fonte policial disse, sob condição de anonimato, que cerca de 300 apoiantes do PTI tinham bloqueado a principal estrada que liga Peshawar à capital nacional.

O governo interino do Paquistão afirmou que o atraso na contagem dos votos foi causado por problemas de comunicação devido a uma falha na Internet móvel no dia das eleições. A interrupção, que as autoridades afirmaram ter acontecido por razões de segurança, suscitou a preocupação de grupos de defesa dos direitos humanos e de governos estrangeiros, incluindo dos Estados Unidos.

Numa publicação na rede social X (antigo Twitter), no domingo, um secretário do PTI recomendou a realização de manifestações junto a determinadas assembleias eleitorais, onde havia razões para pensar em “falsificação” dos resultados.

Os apoiantes de Khan concorreram como independentes porque foram impedidos pela comissão eleitoral, por razões técnicas, de concorrer às eleições com o símbolo eleitoral do seu partido. Apesar da proibição e da prisão de Khan devido a condenações por acusações que vão desde a divulgação de segredos de Estado a corrupção, milhões de apoiantes do antigo jogador de críquete foram votar nele, apesar de este não poder fazer parte de qualquer governo enquanto estiver na prisão.

Um dos problemas que os independentes enfrentam na tentativa de formar governo é o facto de, não tendo concorrido como partido, não serem elegíveis para a atribuição de nenhum dos 70 lugares reservados do Parlamento, que são distribuídos de acordo com a força do partido na contagem final. O partido de Sharif poderá obter até 20 desses lugares.

Uma porta-voz do partido de Sharif afirmou que este se tinha reunido com representantes do partido regional minoritário Movimento Muttahida Qaumi (MQM) e que tinham um acordo de princípio, para “trabalhar em conjunto no interesse geral do país”. Um dirigente do MQM confirmou a reunião, mas disse que não havia qualquer acordo formal de coligação.

A comissão eleitoral assinalou anteriormente que os resultados de dois lugares ainda não podiam ser incluídos, um em que um candidato foi morto, exigindo o adiamento da votação, e outro em que a votação só será concluída no final deste mês. Reuters

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