Paquistão: principal aliado de Imran Khan detido por “prejudicar Estado”

Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Shah Mahmood Qureshi, assumira a liderança do Movimento pela Justiça do Paquistão quando Khan foi detido, no início do mês.

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Shah Mehmood Qureshi foi detido este sábado em Islamad Reuters
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Shah Mahmood Qureshi, ministro dos Negócios Estrangeiros de Imran Khan, o primeiro-ministro afastado do poder em Abril de 2022 e condenado este mês a três anos de prisão, foi detido e acusado de expor segredos oficiais e prejudicar o Estado.

“Todos os envolvidos no caso serão detidos de acordo com a lei”, disse o ministro do Interior interino do Paquistão, Sarfraz Bugti, em declarações aos jornalistas. O “caso” é a divulgação de um telegrama do embaixador paquistanês nos Estados Unidos, que Khan e Qureshi consideram provar uma conspiração contra o seu governo.

Khan foi derrotado através de uma moção de censura, acusado pela oposição de gestão económica danosa e de incompetência política. Mas a antiga estrela de críquete, que chefiava o executivo desde que foi eleito, em 2018, insistiu sempre na tese da “conspiração externa” promovida por Washington para o derrubar.

No telegrama no centro do processo que levou a detenção de Qureshi, o diplomata paquistanês teria informado Islamabad sobre os avisos de um responsável norte-americano de que haveria “consequências” se Khan continuasse primeiro-ministro. Isto por causa da sua "política externa independente" e das relações diplomáticas amigáveis que mantinha com a China e a Rússia – Khan reuniu-se com Vladimir Putin no dia em este invadiu a Ucrânia.

A Agência Federal de Investigação, que acusa Khan e os seus aliados próximos por partilha de informação e violação da Lei dos Segredos Oficiais, alargou o âmbito da investigação depois de todo o conteúdo do telegrama ter sido publicado pelo site de investigação The Intercept, no início de Agosto. De acordo com o The Intercept, a fonte do documento classificado foi um responsável militar e não o Movimento pela Justiça do Paquistão (TPI), partido de Khan.

“Não há nenhuma justificação para a detenção de Qureshi no caso, ele já estava a cooperar com os investigadores”, reagiu o TPI num comunicado.

Desde que foi afastado, e já sem o apoio dos militares, Khan foi alvo de várias acusações judiciais por corrupção, que os seus apoiantes dizem ser parte de um plano para o impedir de se recandidatar ao cargo. No processo que originou a sua condenação, o ex-primeiro-ministro é acusado de vender presentes que recebeu durante o seu tempo no Governo – e que, pertencendo ao Estado, não podiam ser vendidos – no valor de 446 mil euros.

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