Comissão eleitoral russa rejeita candidatura de Boris Nadezhdin às presidenciais

Candidato antiguerra, impedido de concorrer às eleições em Março por alegadas irregularidades na recolha de assinaturas, promete recorrer da decisão.

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Boris Nadezhdin diz ter recolhido mais de 200 mil assinaturas em toda a Rússia EPA/MAXIM SHIPENKOV
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A Comissão Eleitoral russa rejeitou nesta quinta-feira a candidatura de Boris Nadezhdin às eleições presidenciais da Rússia, mas o único candidato que se opõe frontalmente a Vladimir Putin prometeu recorrer da decisão.

“Participar nas eleições presidenciais de 2024 é a decisão política mais importante da minha vida. Não vou voltar atrás nas minhas intenções. Vou recorrer da decisão da Comissão Eleitoral para o Supremo Tribunal”, afirmou Nadezhdin através das redes sociais.

A Comissão Eleitoral Central dissera antes que tinha encontrado irregularidades nas assinaturas que Nadezhdin e os seus aliados recolheram para apoiar a candidatura, afirmando mesmo que algumas delas eram de pessoas mortas.

Numa reunião realizada na sede central de Moscovo, nesta quinta-feira, os responsáveis eleitorais afirmaram que essas irregularidades significavam que Nadezhdin, 60 anos, não tinha conseguido reunir as cem mil assinaturas autenticadas necessárias para se tornar candidato e, por conseguinte, não podia participar no acto eleitoral de Março.

“Recolhi mais de 200 mil assinaturas em toda a Rússia. Realizámos a recolha de forma aberta e honesta, as filas na nossa sede e nos pontos de recolha foram observadas por todo o mundo”, disse Nadezhdin, um opositor à intervenção militar da Rússia na Ucrânia.

Nadezhdin apelou aos seus apoiantes para manterem a fé, apesar do que parece ser um revés irreversível num sistema político altamente controlado.

“Peço-vos que não desistam. Aconteceu algo em que muitas pessoas não podiam acreditar: os cidadãos sentiram a possibilidade de mudança na Rússia”, disse Nadezhdin, natural da ex-república soviética do Uzbequistão, formado em Matemática e Física, e antigo deputado da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, entre 1999 e 2003.

As hipóteses eleitorais de Nadezhdin eram, logo à partida, muito reduzidas. A vitória de Putin, que está no poder, como Presidente ou primeiro-ministro, desde o final de 1999, é vista como um dado adquirido.

Mas Nadezhdin surpreendeu alguns analistas com as suas duras críticas àquilo a que o Kremlin baptizou de “operação militar especial” na Ucrânia, a que chama “um erro fatal” e afirmando que iria tentar pôr fim ao conflito através de negociações.

Os críticos do regime afirmam que Nadezhdin nem sequer teria sido autorizado a fazer campanha e a recolher assinaturas sem a bênção das autoridades, algo que ele sempre negou.

O Kremlin, que já tinha dito anteriormente que não via Nadezhdin como um sério rival de Putin, afirmou que a decisão da Comissão Eleitoral de recusar o registo de Nadezhdin estava em conformidade com todas as regras em vigor.

“O que ouvimos hoje da Comissão Eleitoral é que havia um grande número de erros nas assinaturas, e um grande número de assinaturas não eram válidas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Como candidato nomeado por um partido político, o Iniciativa Civil, Nadezhdin precisava de reunir cem mil assinaturas em pelo menos 40 regiões para concorrer às eleições que terão lugar de 15 a 17 de Março.

Putin, que optou por concorrer como independente e não como candidato do partido no poder, Rússia Unida, precisa de 300 mil assinaturas. Já recolheu mais de 3,5 milhões, segundo os seus apoiantes.

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