Reino Unido pode reconhecer Estado da Palestina mesmo antes de acordo com Israel

Reino Unido reforça posição que é também defendida pelos EUA e pela União Europeia.

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David Cameron, ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido EPA/WAEL HAMZEH
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O Reino Unido pode vir a reconhecer oficialmente o Estado da Palestina na sequência de um cessar-fogo em Gaza, sem esperar pelo resultado das negociações entre Israel e os palestinianos para uma eventual solução dos dois Estados. A ideia foi apresentada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron.

Durante uma visita ao Líbano, nesta quinta-feira, 1 de Fevereiro, integrada nos esforços diplomáticos desenhados para atenuar as tensões regionais evitando o aumento dos confrontos, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido disse que o reconhecimento de um Estado palestiniano não poderia acontecer enquanto o Hamas permanecesse em Gaza, mas que se poderia concretizar ao mesmo tempo que decorrem as negociações entre os responsáveis israelitas e os líderes palestinianos.

O reconhecimento pelo Reino Unido de um Estado independente da Palestina, incluindo nas Nações Unidas, "não pode acontecer no início do processo, mas tem de acontecer no fim", disse o antigo primeiro-ministro, citado pelo jornal The Guardian. "Poderá ser algo a considerar à medida que este processo, este avanço para uma solução, se tornar mais real", disse Cameron. "O que precisamos de fazer é dar ao povo palestiniano um horizonte para um futuro melhor, o futuro de ter um Estado próprio", acrescentou o governante. Esta perspectiva é "absolutamente vital para a paz e a segurança a longo prazo da região", afirmou.

O Reino Unido, tal como a União Europeia e os próprios EUA, tem defendido a ideia de uma Palestina independente que coexista com Israel — uma solução de dois Estados — como uma proposta de solução para o conflito. Em Davos, em Janeiro, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse que Israel "nunca terá uma verdadeira segurança genuína" sem um roteiro diplomático que implique um Estado palestiniano. Já durante esta semana, os EUA anunciaram um conjunto de sanções contra colonos judeus que ataquem palestinianos na Cisjordânia.

Por seu lado, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, rejeitou também a possibilidade de palestinianos serem retirados tanto de Gaza como da Cisjordânia. "Digo claramente que não aceitaremos a deslocação. Não a aceitaremos na Cisjordânia e não a aceitaremos na Faixa de Gaza. É preciso reafirmar que os palestinianos têm os seus territórios em Gaza. Não se deve permitir que entrem refugiados de Gaza no Egipto", disse Annalena Baerbock numa conferência de imprensa no Cairo, no início de Janeiro.

Israel rejeita solução

A proposta de dois Estados, já de si complexa, complicou-se depois do ataque do Hamas no dia 7 de Outubro de 2023 e da resposta militar de Israel na Faixa de Gaza. No final de Janeiro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou categoricamente a solução de dois Estados.

"Não vou fazer concessões quando se trata do controlo total da segurança israelita sobre toda a área a oeste do rio Jordão – e isso está em contradição com um Estado palestiniano", escreveu Netanyahu na rede social X. “É altura de voltar para casa, para Gush Katif”, afirmou também o ministro Itamar Ben-Gvir numa conferência em Jerusalém, no início desta semana, onde se reuniram milhares de activistas de extrema-direita, 12 membros do Governo de Benjamin Netanyahu e 15 deputados dos partidos da coligação no poder em Israel. Gush Katif era o nome do grande bloco de colonatos no Sul de Gaza que foi desmantelado em 2005, quando Ariel Sharon ordenou a retirada do enclave palestiniano.

“Temos de nos estabelecer em Gaza, com forças de segurança e colonos que vão rodear-se a si mesmos e a esta terra de amor”, afirmou Shlomo Karhi, ministro das Comunicações de Israel. “Temos a obrigação de agir, para o nosso bem e para o bem daqueles supostos civis não envolvidos [na violência do Hamas], temos de garantir a emigração voluntária”, defendeu, antes de explicar que os palestinianos podem ter de ser “coagidos” a decidir emigrar.

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