EUA vão aplicar sanções contra colonos judeus que ataquem palestinianos na Cisjordânia

Medidas apresentadas pelos EUA visam “promover a paz e a segurança”.

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Colonato judeu na Cisjordânia REUTERS/Ronen Zvulun
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu, esta quinta-feira, uma ordem executiva que visa punir os colonos judeus que atacam os palestinianos na Cisjordânia ocupada. Entre as decisões anunciadas está a aplicação de sanções económicas como o congelamento de bens. O anúncio da medida mereceu já uma resposta da ala mais radical do governo israelita.

A ordem de Biden estabelece um sistema para a imposição de sanções financeiras e restrições de vistos contra indivíduos que tenham atacado ou intimidado palestinianos ou confiscado as suas propriedades, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, num comunicado.

"As acções de hoje visam promover a paz e a segurança tanto para os israelitas como para os palestinianos", declarou.

Os números das Nações Unidas mostram que os ataques diários dos colonos mais do que duplicaram nos quase quatro meses que se seguiram ao ataque do Hamas e ao subsequente assalto de Israel à Faixa de Gaza, dirigida pelo Hamas.

A ordem congela todos os bens americanos das pessoas visadas e, em geral, proíbe os americanos de negociar com os colonos. Na quinta-feira, o Departamento de Estado também planeou anunciar os primeiros quatro indivíduos atingidos pela ordem, disseram aos jornalistas dois altos funcionários da administração Biden.

"Estas acções representam uma grave ameaça para a paz, a segurança e a estabilidade na Cisjordânia, em Israel e na região do Médio Oriente, e também impedem a concretização de um Estado palestiniano independente que exista lado a lado com o Estado de Israel", disse um dos altos funcionários.

Biden levantou a questão directamente com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, disse o funcionário, uma vez que o Presidente dos EUA procura um caminho para uma solução de dois Estados para Israel e os palestinianos quando o conflito de Gaza terminar.

O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, que integra um partido de extrema-direita, respondeu, contestando a decisão dos EUA. "A campanha de 'violência dos colonos' é uma mentira anti-semitas que os inimigos de Israel disseminam com o objectivo de difamar os colonos pioneiros e as empresas de colonização, para os prejudicar e assim difamar todo o Estado de Israel", disse Smotrich.

Em Dezembro, os Estados Unidos começaram a impor proibições de visto a pessoas envolvidas em actos de violência na Cisjordânia ocupada por Israel. Nessa mesma altura, um porta-voz do governo israelita afirmou que o país condena qualquer tipo de vigilantismo, hooliganismo ou tentativas de indivíduos de fazerem justiça pelas próprias mãos.

EUA aprovam ataques contra alvos iranianos no Iraque e na Síria

Também nesta quinta-feira foram aprovados planos para ataques no Iraque e na Síria contra alvos que incluem "pessoal e instalações iranianas", noticiou a CBS News, citando funcionários americanos. As notícias surgem depois de três militares norte-americanos terem sido mortos no sábado por um ataque de drones na Jordânia, as primeiras mortes de norte-americanos numa escalada de violência em pontos de conflito do Médio Oriente desde o início da guerra de Israel em Gaza, em Outubro.

A reportagem da CBS citou funcionários norte-americanos que afirmaram que o estado do tempo seria um factor a ter em conta no momento dos ataques, uma vez que Washington preferia uma boa visibilidade para evitar o risco de atingir civis.

Washington defende que o ataque contra as suas tropas no sábado, na Jordânia, perto da fronteira com a Síria, tinha as "marcas" do Ketaib Hezbollah, uma milícia pró-iraniana baseada no vizinho Iraque.