Rui Pinto está em Paris a colaborar com autoridades europeias

Autor do Football Leaks ouvido como testemunha por investigadores e magistrados da Alemanha, Bélgica, Países Baixos e França.

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Rui Pinto é o autor do Football Leaks EPA/RODRIGO ANTUNES
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Rui Pinto está em Paris a colaborar com autoridades europeias, de acordo com as informações apuradas pelo PÚBLICO. O autor do Football Leaks está a ser ouvido como testemunha por magistrados e investigadores franceses, alemães, belgas e neerlandeses, confirmando-se uma cooperação activa do denunciante com as autoridades europeias.

O denunciante está a ser ouvido pela equipa comum responsável por um inquérito europeu em andamento, marcando presença nas instalações do Ministério Público francês, o Parquet National Financier. Antes de ser detido em Budapeste, em Janeiro de 2019, Rui Pinto já tinha colaborado com esta autoridade, nomeadamente em investigações relativas a crimes financeiros. Apesar de não ter sido possível apurar sobre o que versa este inquérito, é quase certo que incida sobre factos expostos por Rui Pinto no Football Leaks ou nos Luanda Leaks, duas ondas de revelações que partiram do denunciante.

Rui Pinto teve ainda uma participação nos Malta Files, sobre o uso de Malta como jurisdição privilegiada para a interposição de empresas de fachada e optimização fiscal. Neste caso, o fisco português recuperou 20 milhões de euros.

No caso Football Leaks, que motivou a detenção e posterior condenação de Rui Pinto na primeira instância a uma pena de quatro anos com pena suspensa, o português recolheu dezenas de milhões de documentos relativos aos maiores clubes de futebol. Nesses ficheiros, fugas ao fisco, incumprimento das regras do fair play financeiro e práticas de legalidade duvidosa relativas aos fundos de investimento foram expostas, originando investigações em vários países.

Nos Luanda Leaks, Rui Pinto revelou os meios que Isabel dos Santos utilizou na construção da sua fortuna, expondo suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais.

A relação com as autoridades francesas

Rui Pinto tem uma longa relação com as autoridades francesas. Como já referimos, o denunciante colaborou com os gauleses ainda antes de ser detido. Já depois de ter sido extraditado para Portugal, os franceses fizeram tudo por tudo para garantir que a colaboração não tinha sido em vão. Sem o conhecimento da Polícia Judiciária, acederam aos discos rígidos apreendidos a Rui Pinto em Budapeste, copiando a informação que poderia, um dia mais tarde, dar acesso aos milhões de ficheiros com provas de alegados crimes.

Após um ano em prisão preventiva, Rui Pinto assinou um acordo de cooperação com a Polícia Judiciária. Ficou em liberdade em troca do acesso aos discos rígidos que os investigadores portugueses tentaram desencriptar sem sucesso.

Após terem conhecimento deste desenvolvimento, as autoridades francesas voltaram à carga e procuraram renovar a colaboração. Sabe-se agora que essa vontade foi cumprida, com Rui Pinto a ser usado com testemunha num inquérito comum a quatro nações europeias.

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