Administrador da SAD do FC Porto terá combinado agressões com os Super Dragões

Ministério Público diz que Adelino Caldeira terá instruído o líder dos Super Dragões para agressões na assembleia-geral do clube em Novembro passado. Administrador nega todas as suspeitas.

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Adelino Caldeira, administrador do FC Porto DR
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Um dos administradores da SAD do FC Porto terá combinado com o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, as agressões e o clima de ameaça e coacção levadas a cabo por membros da claque portista na assembleia-geral extraordinária do clube marcada para Novembro passado, onde ocorreram vários confrontos. É pelo menos essa a convicção do Ministério Público, que se encontra descrita no despacho que acompanha os mandados de detenção de Madureira e da mulher, número dois da claque portista.

O PÚBLICO apurou que o administrador em causa é Adelino Caldeira, não tendo, contudo, este responsável da SAD sido alvo de quaisquer buscas no âmbito da operação desta quarta-feira. Neste momento, a PSP e o Ministério Público concentram as suas atenções nos elementos que terão levado a cabo os actos violentos. A ideia é tentar impedir que continuem a frequentar qualquer tipo de evento desportivo ou a interferir nas eleições onde se disputa a presidência do FC Porto.

Em comunicado assinado por Adelino Caldeira recebido pelo PÚBLICO na tarde desta quarta-feira, o administrador nega todas as suspeitas e repudia qualquer associação do seu nome à Operação Pretoriano. "É falso que tenha instruído seja quem for a fazer fosse o que fosse na dita Assembleia Geral. Porque nunca tive com as pessoas hoje detidas quaisquer conversas acerca dessa Assembleia Geral – seja antes ou depois, de forma directa ou indirecta – ou sequer de outros assuntos relacionados com a vida institucional do FC Porto, só por maldosa especulação e efabulação se terá envolvido o meu nome nos reprováveis acontecimentos daquela Assembleia Geral", afirma Adelino Caldeira, lamentando que a Justiça dê "crédito e palco" a quem "tenha levantado suspeições absolutamente infundadas".

Nos documentos a que o PÚBLICO teve acesso, o Ministério Público diz que Fernando Madureira distribuiu cartões de sócios por elementos da claque que não são associados, de modo a conseguir lotar o auditório destinado à realização dos trabalhos da assembleia-geral. O alegado plano envolveu Adelino Caldeira e o oficial de ligação dos adeptos dos portistas, Fernando Saúl. Este último é um de dois funcionários dos "dragões" detidos esta quarta-feira.

Depois de se confirmar que o auditório não era suficiente para acolher tantos sócios, os trabalhos foram mudados para o Dragão Arena, recinto que recebe as modalidades do FC Porto. Já nesse local, com capacidade para mais de duas mil pessoas, os elementos dos Super Dragões intimidaram os sócios portistas, ordenando que estes batessem palmas ao presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. "Não estão a bater palmas estão fodidos", cita o Ministério Público. Os insultos foram acompanhados do arremesso de vários objectos, incluindo uma garrafa de vidro que provocou ferimentos a um adepto.

Nas buscas domiciliárias da Operação Pretoriano, acção que originou a detenção do líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, a PSP apreendeu uma arma de fogo, vários milhares de euros, "estupefacientes vários", nomeadamente cocaína e haxixe, artefactos pirotécnicos e mais de uma centena de ingressos para eventos desportivos.

O FC Porto já reagiu em comunicado a estas buscas a elementos da claque dos Super Dragões. O clube, que dá conta de terem sido detidos dois funcionários seus e não apenas um como inicialmente foi noticiado, garantiu que pretende “continuar a colaborar com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado”. “Se desta investigação resultarem mais factos, o F. C. Porto agirá em conformidade, tal como agiu em relação a três sócios que foram condenados a penas de suspensão entre seis meses e um ano na sequência dos acontecimentos dessa noite”, salienta o FC Porto.

As autoridades apreenderam veículos de luxo na casa de Fernando Madureira em Vila Nova de Gaia, nomeadamente um Porsche e um BMW.

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