Detenções nos Super Dragões terão impacto nas eleições do FC Porto?

Claque constitui uma forte base de apoio a Pinto da Costa na corrida às urnas, em Abril. Discurso do actual líder tem sido de elogio e agradecimento a Madureira.

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Tiago Lopes
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Estamos a menos de três meses das eleições para os órgãos sociais do FC Porto, numa corrida às urnas que promete ser mais disputada do que nunca. Há três candidatos confirmados mas só um deles, Jorge Nuno Pinto da Costa, mantém uma estreita ligação com a claque Super Dragões, que tem reiterado o apoio à recondução do actual presidente do clube. Que impacto poderá ter neste contexto a operação policial levada a cabo nesta quarta-feira?

Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, é o principal rosto dos elementos detidos nesta manhã, numa acção das autoridades que prevê mandados de diligências para 12 pessoas com ligação à principal claque do FC Porto. Uma acção que, de resto, foi motivada pelos incidentes de violência que tomaram conta da assembleia-geral realizada a 13 de Novembro, no Dragão Arena, a que se juntaram, segundo apurou o PÚBLICO, os actos de vandalismo registados junto à casa de André Villas-Boas, outro dos candidatos.

Estes foram, de resto, os mais visíveis sinais da tensão existente desde que o antigo treinador do FC Porto foi anunciando (antes mesmo de formalizar a posição) a disponibilidade para se candidatar às eleições para a presidência. Nessa reunião magna, convocada para discutir e votar a alteração dos estatutos (algo que acabou por não acontecer), as agressões tiveram como alvos alguns dos associados que contestaram as práticas de gestão da actual direcção.

A reacção de Pinto da Costa aos incidentes, já dias depois do sucedido, foi também um sinal claro de uma clivagem insanável. Em entrevista à SIC, falou de um momento “muito mau, desagradável”, ao mesmo tempo que o desvalorizou, com um toque de ironia: “Parece que andou tudo aos tiros. Não foi parar ninguém ao hospital”.

O mote para as agressões, esse, acabou por ser explicado pelo próprio Fernando Madureira. “O que potenciou tudo isto foram as redes sociais. Hoje vivemos nesta era, o insulto é muito fácil através destes meios e percebi que houve uma certa caça às bruxas. Pessoas que insultavam outras nas redes sociais... Foi inevitável. Ainda tentei ‘apagar alguns fogos’, mas foi inevitável”, adiantou ao PÚBLICO, depois da assembleia geral.

Madureira referia-se a provocações e trocas de comentários na Internet entre apoiantes de Pinto da Costa e membros dos Super Dragões, e apoiantes de André Villas-Boas. E entre as várias manifestações de contestação à oposição e de apoio ao actual presidente, destaca-se a publicação que fez logo depois da entrevista de Pinto da Costa: “Deus dá as maiores batalhas aos mais valentes guerreiros! Para derrubarem o rei, têm de passar por cima de nós! Super Dragões. Contra tudo, contra todos e contra os tolos!”, escreveu no Instagram.

Pinto da Costa também não tem escondido o apreço que sente pelo líder da claque e, já com as eleições deste ano no horizonte, e ainda a propósito dos desacatos no Dragão Arena, deixou uma palavra de agradecimento no final da sessão magna de 30 de Novembro, em que foram aprovadas as contas: “Desde que aqui cheguei ao FC Porto como presidente e, em todas as alturas, o Fernando Madureira foi um guarda pretoriano do FC Porto. As nossas equipas beneficiaram desse amor ao FC Porto, do amor que sempre dava às nossas equipas. Obrigado Fernando Madureira”.

A data concreta das eleições não está ainda marcada, mas as três candidaturas já estão no terreno. Nuno Lobo foi o primeiro a assumir-se publicamente como candidato, reeditando assim uma luta nas urnas que já travou no último sufrágio; seguiu-se André Villas-Boas, depois de um “período de ponderação”, tendo nos últimos dias vindo a anunciar alguns dos membros da sua lista; e por último Jorge Nuno Pinto da Costa, que no domingo fará a apresentação da recandidatura, no Coliseu do Porto.

Dos três concorrentes ao cargo, o actual líder é aquele que mais facilmente capitalizará os votos das bases, com as claques à cabeça. Até que ponto as detenções consumadas nesta quarta-feira poderão fragilizar a campanha da lista de Pinto da Costa, a sua estratégia e, eventualmente, o resultado final da votação, é algo que teremos de aguardar para ver.

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