Taxa de juro média dos empréstimos à habitação mais do que triplicou em 2023

A taxa implícita do conjunto dos contratos subiu para 4,6% em Dezembro, mas desceu nos contratos mais recentes.

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Empréstimos mais recentes sinalizam a descida das taxas de juro Rui Gaudencio
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A taxa de juro média do conjunto dos empréstimos à habitação mais do que triplicou no último ano, fixando-se em 3,612%, o que é comparável com 1,084% em 2022. A subida é ainda mais expressiva face à média de 2021, que foi de 0,842%, e que correspondeu ao valor mais baixo da série do Instituto Nacional de Estatística (INE), iniciada em Janeiro de 2009.

A subida das taxas presentes no conjunto dos contratos é explicada, em grande parte, pelo agravamento das taxas de juro Euribor, que só na recta final do ano passado começaram a descer, especialmente nos prazos a seis e a 12 meses, mas também devido à forte subida das taxas fixas.

Os dados divulgados esta sexta-feira pelo INE mostram que o capital médio anual em dívida para a finalidade de aquisição de habitação passou de 67.633 euros em 2022 para 70.962 euros em 2023. E a prestação média anual vencida registou uma subida de 104 euros entre 2022 e 2023, fixando-se em 396 euros.

No último mês do ano passado, a taxa implícita para o conjunto dos contratos voltou a subir, fixando-se em 4,593%, o que é comparável com 4,524% de Novembro imediatamente anterior. O valor atingido no último mês do ano é o mais alto desde Março de 2009.

Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro desceu ligeiramente, o que ocorreu pelo segundo mês consecutivo. O valor médio da taxa destes contratos caiu de 4,366% em Novembro para 4,342% em Dezembro (para os contratos celebrados entre Setembro e Novembro de 2023, não sendo considerados os de Dezembro).

A ligeira descida dos contratos celebrados nos últimos três meses reflecte, essencialmente, a opção por taxas mistas, com a contratação de taxa fixa, passando depois a variável. Esta oferta, que maioritariamente corresponde a taxa fixa de dois a três anos, tem ficado abaixo das taxas Euribor.

Juros pesam 61%

Ainda relativamente ao mês passado, o valor médio da prestação mensal para a totalidade dos contratos fixou-se em 400 euros, mais quatro euros do que no mês anterior e mais 101 euros do que em Dezembro de 2022 (aumento de 33,8%). O valor de Dezembro reflecte, pelo terceiro mês consecutivo, uma redução da taxa de variação homóloga do valor médio da prestação (37,5%) face à observada no mês anterior.

Do total daquele valor, 244 euros (61%) correspondem a pagamento de juros e 156 euros (39%) a capital amortizado. Recuando a Dezembro de 2022, a componente de juros representava apenas 33% do valor médio da prestação (299 euros). Assim, num ano, a componente de juros passou de um terço do total do valor médio da prestação mensal (33% em Dezembro de 2022) para quase dois terços (61% em Dezembro de 2023), espelhando dessa forma a evolução do peso dos juros no pagamento mensal das prestações em Portugal.

Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação desceu quatro euros face ao mês anterior, para 651 euros em Dezembro, correspondendo a um aumento de 21,5% face ao mesmo mês do ano anterior. Nos contratos mais recentes, o INE não discrimina o peso dos juros.

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