Rússia classifica escritor Boris Akunin como “agente estrangeiro”

Conhecido na Rússia pelos seus romances policiais históricos, Akunin é acusado de “opor-se à operação militar especial na Ucrânia”, nome que Moscovo dá ao ataque lançado em 2022.

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Boris Akunin num protesto anti-Putin em Moscovo, em 2012 Sasha Mordovets/Getty Images
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O Ministério da Justiça russo classificou esta sexta-feira o escritor Boris Akunin, de nome verdadeiro Grigori Tchkhartishvili e exilado desde 2014, como “agente estrangeiro, após a sua colocação na lista de “terroristas e extremistas”.

As autoridades acusam-no de opor-se à operação militar especial na Ucrânia, nome que Moscovo dá ao ataque lançado em 2022. Acusam-no também de ter divulgado informações imprecisas com o objectivo de passar uma imagem negativa da Rússia e das suas forças armadas”, e de ter recolhido fundos a favor do exército ucraniano.

Nascido em 1956 na Geórgia, então uma república soviética, Boris Akunin é um escritor conhecido na Rússia pelos seus romances policiais históricos, em particular a saga As Investigações de Erastus Fandorin, um herói que viveu na era czarista. Escreveu ainda História do Estado Russo, compilação de nove volumes que traça os desenvolvimentos do Estado russo até a revolução de 1917.

Boris Akunin manifestou-se contra a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014, antes de se exilar em Londres, onde reside desde então. A 24 de Fevereiro de 2022, lamentou no Facebook a eclosão de uma guerra absurda na Ucrânia. Foi, entretanto, co-fundador do projecto Nastoyashchaia Rossia (Rússia Real), apoiado por diversas personalidades exiladas da cultura e destinado a apoiar os refugiados ucranianos.

O estatuto de agente estrangeiro impõe, às pessoas ou entidades envolvidas, restrições administrativas pesadas na Rússia, incluindo a monitorização regular das suas fontes de financiamento. Exige também que qualquer publicação, incluindo nas redes sociais, seja acompanhada do rótulo agente estrangeiro.