Maria Stepánova: “O que Putin está a fazer é uma guerra de memória”

Aos 50 anos, Maria Stepánova é um dos nomes mais talentosos da actual literatura russa. Poeta, ensaísta, é autora de Memória da Memória, um livro desafiador de fronteiras de género.

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A escritora Maria Stepánova Andrei Natotsinsky

Na sombra de um ensaio de Jacques Rancière, a narradora de Memória da Memória, lembra que “o objectivo da arte consiste em mostrar coisas invisíveis”. O seu único projecto literário em prosa passava por tentar dar visibilidade às pessoas da sua família no momento em que ela era a última dessa linhagem. “Parte substancial dos esforços dos meus avós foi feita precisamente para que ficassem invisíveis, para que alcançassem a imperceptibilidade almejada, para que se perdessem na obscuridade doméstica, para que se mantivessem afastados da grande história com as suas narrativas ultrapoderosas e os seus erros de milhões de vidas humanas.” Maria Stepánova, poeta, russa, 50 anos, pegou na invisibilidade da sua família e transformou-a num dos livros mais originais publicados neste ano em Portugal.

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