Nações Unidas “muito preocupadas” com mortes de jornalistas em Gaza
Desde 7 de Outubro, morreram pelo menos 79 jornalistas em território palestiniano vítimas de ataques israelitas.
A Organização das Nações Unidas assumiu esta segunda-feira a preocupação face ao elevado número de jornalistas e outros profissionais dos media mortos na Faixa de Gaza. Em três meses, morreram pelo menos 79 jornalistas no território palestiniano vítimas de ataques israelitas.
As declarações divulgadas pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos surgem um dia depois da morte de mais dois jornalistas, Hamza Dahdouh e Mustafa Tharya.
“Preocupa-nos muito o elevado número de profissionais dos media mortos em Gaza. A morte de cada jornalista deve ser alvo de uma investigação exaustiva e independente, de modo a garantir o estrito cumprimento da lei internacional”, apelou o gabinete da ONU liderado por Volker Turk, sugerindo que os suspeitos de eventuais violações da lei deverão ser responsabilizados.
Hamza Dahdouh, de 27 anos, foi morto em Khan Younis quando as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) fizeram explodir o carro em que seguia com Mustafa Thuraya, da Agence France-Presse, e um terceiro jornalista, Hazem Rajab, que ficou ferido com gravidade.
Hamza era filho do chefe de redacção da Al Jazeera na Faixa de Gaza, Wahel Dahdouh, que já tinha perdido a mulher, dois filhos e um neto em Outubro.
Em resposta a um pedido de esclarecimentos do jornal The Times of Israel, as forças israelitas alegaram que os jornalistas estavam acompanhados por um “terrorista”, que “controlava um drone de uma forma que punha em risco as IDF”, e que, por isso, o veículo em que seguiam se tornou um alvo.
Enquanto o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) confirma a morte de pelo menos 79 profissionais — 72 palestinianos, quatro israelitas e três libaneses — e o desaparecimento de outros três, o sindicato dos jornalistas palestinianos aponta para mais de uma centena de vítimas. A 8 de Janeiro, a organização registava 106 mortes.
De acordo com um relatório do CPJ, "o Exército israelita matou mais jornalistas em dez semanas do que qualquer outro exército ou entidade matou num ano", pelo menos desde que há registos.