Luta contra o tempo no Japão para encontrar sobreviventes do sismo

Pelo menos 65 pessoas morreram na sequência de um sismo no dia de Ano Novo. Os trabalhos de resgate têm sido dificultados pelas condições meteorológicas adversas.

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O sismo causou a destruição de centenas de edifícios na província de Ishikawa EPA/FRANCK ROBICHON
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As autoridades japonesas estão numa luta contra o tempo para tentar resgatar sobreviventes do sismo que abalou a ilha de Honshu no dia de Ano Novo, causando pelo menos 65 mortos. Foram emitidos alertas para chuvas fortes e a possibilidade de desabamento de terras nas próximas horas.

O sismo de magnitude 7,6 fez-se sentir na tarde de segunda-feira com especial força na província de Ishikawa na ilha de Honshu, a maior do Japão. O abalo provocou um tsunami com ondas superiores a um metro, que deixaram um rasto de destruição em várias localidades costeiras, como Wajima ou Suzu.

As imagens de satélite permitem ver a escala da destruição, com várias casas arrasadas e estradas inundadas.

Dois dias depois do desastre, ainda não é possível avaliar a extensão total dos danos, bem como calcular o número preciso de vítimas. As estradas bloqueadas, os danos à infra-estrutura e a localização remota de algumas das zonas mais afectadas têm dificultado os esforços das equipas de resgate.

Em Suzu, uma cidade de 13 mil habitantes muito próxima do epicentro do sismo, 90% das casas poderão ter sido destruídas, de acordo com o autarca local que descreveu os danos causados como “catastróficos”.

Na manhã desta quarta-feira, tinham sido registados 130 pedidos de ajuda para salvar pessoas presas debaixo de destroços, de acordo com o jornal Japan Times.

“Já se passaram mais de 40 horas desde o sismo e continua a haver muitos relatos de pessoas a necessitar de salvamento”, afirmou o primeiro-ministro Fumio Kishida, durante uma conferência de imprensa na manhã desta quarta-feira.

“Devemos ter em consideração que esta é uma corrida contra o tempo e continuar a trabalhar nos esforços de resgate, com o salvamento de vidas como a nossa prioridade”, acrescentou.

A ocorrência de réplicas, algumas com quase tanta intensidade como o sismo original, também tem prejudicado os trabalhos das equipas de protecção civil. A agência de meteorologia deixou alertas para a possibilidade de chuvas fortes ao longo desta quarta-feira e de deslizamento de terras na zona do sismo.

Para os sobreviventes, as últimas horas têm sido marcadas pela dificuldade em obter ajuda. Cerca de 33 mil pessoas em Ishikawa foram desalojadas e encontram-se espalhadas por mais de 300 abrigos da protecção civil. No entanto, em muitos destes locais não há água canalizada e tem havido muita dificuldade em fazer chegar bens alimentares.

Os autarcas das cidades mais afectadas pediram com urgência a reabertura de estradas para que possa ser transportada ajuda para os desalojados. “Mesmo aqueles que escaparam por pouco à morte não podem sobreviver sem comida ou água”, afirmou o autarca de Suzu, Masuhiro Izumiya. “Ainda não recebemos um único pedaço de pão”, acrescentou.

O autarca de Wajima, Shigeru Sakaguchi, disse ter recebido apenas duas mil refeições para cerca de dez mil desalojados. “Algumas pessoas têm muito frio porque há áreas em que não há acesso a electricidade nem a aquecimento”, explicou, citado pela Reuters.

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