Greve na Global Media abrange todos os órgãos do grupo
Trabalhadores de todas as publicações e rádios do grupo avançam para greve a 10 de Janeiro. Comissão executiva, criticada pelo accionistas, ataca em todas as frentes.
Os trabalhadores da Global Media Group (GMG) apresentaram nesta terça-feira um pré-aviso de greve para dia 10 deste mês, revelando que o protesto deliberado na passada sexta-feira engloba todos os meios do grupo.
Quando feito o anúncio da greve o comunicado era assinado Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e Diário de Notícias (DN). Agora os trabalhadores revelam que o pré-aviso engloba “todas as empresas da GMG, incluindo as empresas existentes na Região Autónoma da Madeira (DN Madeira) e dos Açores (Açoreano Oriental e Rádio Comercial dos Açores).
O pré-aviso de greve dos trabalhadores foi feito em simultaneidade com os pré-avisos de greve do Sindicato dos Jornalistas e do Sindicato dos trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente Norte - SITE Norte.
“Esta greve geral marcada para o próximo dia 10 de Janeiro é uma jornada de luta apoiada pelos três sindicatos e pela da comissão de trabalhadores da TSF e irá fazer desse dia um dia memorável de resistência na GMG”, é escrito num comunicado dos trabalhadores.
Dizem ainda que será um dia “de indignação, quer pela falta de respeito da actual administração pelos mais elementares direitos dos trabalhadores, quer pela exigência da remuneração mensal paga a tempo e a horas”. Os trabalhadores ainda não receberam o subsídio de Natal de 2023, nem o salário de Dezembro.
“Se alguém está a mais na GMG, não são com certeza os trabalhadores, quem está a mais é esta administração, é a administração do João Paulo Fafe”, concluem.
Há cerca de um mês, a administração da GMG anunciou que pretendia rescindir contratos com cerca de 150 pessoas. Na passada semana revelou que não tinha dinheiro para pagar os salários de Dezembro.
As direcções demissionárias da TSF. JN, O Jogo e Dinheiro Vivo são ouvidas na Assembleia da República nesta quarta-feira
Comissão Executiva critica accionistas
Também nesta terça-feira, a Comissão Executiva da GMG emitiu um comunicado em que afirma que ao longo dos últimos três meses, quando tomou posse, em que diz que “raro é o dia em que não somos apanhados de surpresa por factos e procedimentos que fizeram parte deste grupo ao longo dos últimos anos e que, sem margem para dúvidas, roçam a fronteira daquilo que pode ser considerada uma gestão pouco transparente e irresponsável”.
“Em nome da tranquilidade do grupo, optámos ao longo destes tempos por não criar uma situação de desconforto relativamente aos outros accionistas, nomeadamente aos que protagonizaram, enquanto parte interessada, situações que, além de legalmente incompatíveis, foram claramente ética e moralmente condenáveis”, acrescenta o comunicado, numa resposta aos accionistas que, na semana passada, responsabilizaram a Comissão Executiva pelo não pagamento dos salários.
A comissão acrescenta que se tem “diariamente deparado com uma situação financeira muito difícil”, salientando que a realidade em que de facto vive a GMG, “nomeadamente tanto a nível de dívidas a fornecedores como a receitas bem abaixo do que nos era assegurado, e ainda a procedimentos internos verdadeiramente à margem da lei, obrigou-nos a ter de promover um plano de reestruturação que, além da necessária contenção de despesas e da racionalização de meios, implica, por muito que isso nos possa custar, um claro ‘emagrecimento’ a nível de trabalhadores”.
“Não estamos neste grupo com qualquer foco em outra coisa que não a sua viabilização e a sobrevivência das suas marcas, e a nossa postura nada tem que ver com os que no passado, aproveitando-se do vasto património que este grupo possuía, dele se serviu para fazer negócios sem retorno efectivo para o GMG”, é ainda escrito.
E, numa nota final, acrescentam: “Definitivamente não somos daqueles que preferem viver no conforto da mentira a enfrentar o incómodo da verdade – por muito que essa verdade possa trazer trabalho, dissabores e críticas. É esse o preço que estamos dispostos a pagar para salvar o GMG.”