Jornalistas da Global Media marcam greve para 10 de Janeiro

“Estamos unidos na defesa dos nossos direitos, do jornalismo e da democracia”, dizem os jornalistas num comunicado conjunto.

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Os trabalhadores da GMG têm feito várias acções de protesto Paulo Pimenta
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As redacções de Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e Diário de Notícias, títulos do Global Media Group, "aprovaram, unanimemente" nesta sexta-feira, a realização de uma greve para o dia 10 de Janeiro de 2024.

"Somos imunes à básica estratégia de dividir para reinar. A luta de cada um de nós é a luta de todos. Estamos unidos na defesa dos nossos direitos, do jornalismo e da democracia", dizem em comunicado.

O anúncio surge depois de os jornalistas do DN, reunidos em plenário, terem decidido “aderir às acções de protesto concertadas com o resto do grupo, designadamente uma greve que venha a ser convocada”. Juntaram-se assim aos da TSF e Jornal de Notícias (JN) que também já tinham manifestado a intenção de fazer uma paralisação.

Os jornalistas do DN pedem também aos accionistas do Global Media Group (GMG) - Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira – que “clarifiquem como pretendem ‘restaurar a credibilidade da GMG e das suas marcas’, assim como em que consiste a ‘firme intenção” de ‘reverter a inusitada situação a que a empresa foi conduzida”, como revelaram num comunicado que emitiram esta sexta-feira.

“A redacção do DN, que sofreu a mais forte redução de quadros da sua história centenária sob a administração destes accionistas, chama a atenção para o facto de que a existência de uma suposta guerra entre accionistas, declarada no citado ‘esclarecimento’, só confirma que é dos vários accionistas a responsabilidade pela situação – sendo os trabalhadores, que sempre cumpriram as suas obrigações, as vítimas”, afirmam os jornalistas em comunicado.

Os trabalhadores do DN relembram “os apelos que já fizeram à sociedade civil para que se mobilize no sentido de encontrar medidas concretas de salvação não só do DN como de todos os títulos do GMG”: “É a ‘preservação do pluralismo no sistema mediático nacional’ que está em causa, como bem reconhece a ERC [Entidade Reguladora da Comunicação Social].”

Terminam citando o lema do Washington Post: “Sem jornalismo, a democracia morre na escuridão.”

A GMG detém o Açoriano Oriental, o jornal mais antigo de Portugal, o Diário de Notícias, o mais antigo do território continental e que nesta sexta-feira cumpriu 159 anos, o Jornal de Notícias, que tem 135 anos, a rádio TSF, o desportivo O Jogo, as revistas e sites do grupo.

Em meados deste mês, a Comissão Executiva do grupo anunciou que pretendia rescindir contrato com cerca de 150 trabalhadores e revelou também que o subsídio de Natal seria pago em duodécimos. Nesta quinta-feira os responsáveis pela GMG informaram não ter dinheiro para pagar os vencimentos de Dezembro, alegando não saberem quando o poderão fazer. Os colaboradores sem contrato não recebem há dois meses.

No início deste mês, os trabalhadores do JN fizeram uma greve de dois dias, o que fez com que, pela primeira vez em 35 anos, o jornal não fosse para as bancas. A 20 de Setembro também os trabalhadores da TSF fizeram uma greve de 24h.

Já nesta sexta-feira, os accionistas do grupo - Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira - responsabilizaram a Comissão Executiva pelo atraso no pagamento de salários de Dezembro aos trabalhadores, afirmando que existe “uma situação de manifesto incumprimento” que, “ao não ter ocorrido, teria permitido o pagamento dos salários e o cumprimento de outras responsabilidades da empresa”.

“Esta situação de não-cumprimento do contrato celebrado notarialmente com o fundo accionista, compromete todo o trabalho do actual conselho de administração que, no meu entender, também é vítima”, disse ao PÚBLICO Marco Galinha, que recusou, ainda assim, comentar de forma mais detalhada o que está a acontecer no grupo Global Media.

Notícia alterada às 18h34. Acrescentado avanço da greve

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