Kharkiv alvo de bombardeamentos intensos pela Rússia
Ataques contra a segunda maior cidade ucraniano acontecem um dia depois de Moscovo ter acusado a Ucrânia de bombardear Belgorod e matar mais de 20 civis.
O ano termina na Ucrânia com mais um dia de bombardeamentos intensos pela Rússia, que lançou vários mísseis contra a cidade de Kharkiv em retaliação pelo ataque da véspera em Belgorod.
As sirenes de alerta para ataques aéreos soaram durante toda a manhã deste domingo em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, localizada a poucas dezenas de quilómetros da fronteira russa. Mísseis balísticos e drones atingiram várias zonas da cidade, incluindo no centro, deixando mais de 30 feridos e destruindo parcialmente dezenas de prédios de apartamentos, casas, hospitais, um jardim-de-infância e até um hotel.
Entre os feridos estão dois jovens de 14 e 16 anos e um fixer que trabalhava com uma equipa de jornalistas alemães, de acordo com as autoridades locais.
“Na véspera de Ano Novo, os russos querem intimidar a nossa cidade, mas não estamos assustados, somos imbatíveis e invencíveis”, afirmou o presidente da câmara municipal, Ihor Terekhov.
O Ministério da Defesa russo confirmou a onda de bombardeamentos sobre Kharkiv, dizendo que foram atingidos “centros de tomada de decisão e instalações militares”, justificando, por exemplo, o ataque sobre o Hotel Palace de Kharkiv, habitualmente usado por jornalistas estrangeiros, por se encontrarem ali reunidos membros das Forças Armadas e dos serviços secretos ucranianos, segundo o New York Times.
Os últimos dias têm sido marcados por uma intensificação das hostilidades na guerra entre a Ucrânia e a Rússia, embora com poucas alterações na linha da frente. Na véspera dos bombardeamentos sobre Kharkiv, as autoridades russas acusaram a Ucrânia de ter atacado a cidade de Belgorod, a poucos quilómetros da fronteira, causando a morte de 21 civis, incluindo três crianças, e deixando mais de 110 feridos.
Kiev não confirmou estar por trás do ataque, que foi o mais mortífero em solo russo desde o início da invasão em larga escala em Fevereiro de 2022. Apesar de se terem registado vários bombardeamentos por drones na Rússia, a Ucrânia nunca admitiu a sua autoria. Uma fonte dos serviços de segurança ucranianos disse à BBC que as mortes de civis em Belgorod foram resultado da “incompetência do trabalho da defesa aérea russa”, explicando que as pessoas foram atingidas pelos destroços dos projécteis disparados.
O Ministério da Defesa russo prometeu responder ao ataque e denunciou a utilização de drones de fabrico checo equipados com munições de fragmentação – um tipo de munição proibida em mais de cem países por atingir alvos indiscriminadamente e por espalhar pequenos explosivos por uma área alargada.
Antes do ataque em Belgorod, a Ucrânia foi alvo de uma das vagas de bombardeamentos mais intensas desde o início da invasão. Ao longo de quase 18 horas, a Rússia lançou mísseis de vários tipos e drones sobre todo o território ucraniano, incluindo a capital Kiev, que viveu um dos dias mais negros desde 24 de Fevereiro de 2022. As equipas de resgate encontraram mais corpos no meio de escombros nos dias seguintes, aumentando o número de vítimas na capital para 23 mortos. Ao todo, 40 pessoas morreram nos bombardeamentos russos em toda a Ucrânia.
No seu discurso de Ano Novo, transmitido pouco antes da meia-noite no fuso horário russo no extremo oriente, o Presidente Vladimir Putin fez poucas referências à guerra na Ucrânia, designada oficialmente pelo Kremlin de “operação militar especial”.
“Para todos os que estão num posto de combate, na linha da frente da luta pela verdade e justiça: Vocês são os nossos heróis, os nossos corações estão convosco”, afirmou Putin, citado pela Reuters.