Casa de Montenegro: PCP diz que esclarecimento é positivo, Chega exige explicações

O Ministério Público abriu um inquérito sobre a casa de Luís Montenegro, em Espinho. Em causa está o processo de construção da habitação e os benefícios fiscais a que alegadamente teve direito.

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"Acho que é positivo esclarecer tudo", diz o líder do PCP Rui Gaudencio
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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou este sábado que "é positivo que se esclareça tudo" sobre o processo da casa do líder do PSD, sublinhando que Luís Montenegro é o "primeiro interessado" nesse esclarecimento. Já o presidente do Chega, André Ventura, defendeu que o líder dos social-democratas tem de dar "uma explicação cabal" sobre este caso.

Em declarações aos jornalistas em Braga, no decorrer de uma visita a um presépio vivo em Priscos, Paulo Raimundo lembrou que o processo já é antigo e que Luís Montenegro já manifestou disponibilidade para esclarecer tudo.

"Acho que é positivo esclarecer tudo e eu estou convencido de que o Montenegro é o primeiro interessado em que se esclareça tudo rapidamente", disse Raimundo, escusando-se a quaisquer outros comentários sobre o assunto.

Também o líder do Chega reagiu à abertura de um inquérito aos alegados benefícios fiscais atribuídos à habitação de Montenegro, em Espinho, no seguimento de uma denúncia anónima. André Ventura prestou declarações aos jornalistas momentos antes de iniciar uma visita às instalações da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lisboa.

O líder do Chega apontou que Luís Montenegro, tal como ele próprio e Pedro Nuno Santos, estão a candidatar-se às funções de primeiro-ministro, razão pela qual tem de dar "uma explicação cabal sobre um caso que não está bem explicado".

"Não está em causa o direito à presunção de inocência de Luís Montenegro, mas quando há um caso que envolve património de políticos, há um dever acrescido de dar explicações. Ora, quando se diz que a partir de hoje não se fala mais do assunto e que só dá os elementos à Justiça, sabendo que a Justiça, pelos tempos próprios do processo, não vai actuar nos próximos dias ou semanas, é permitir que tudo isso contamine a campanha eleitoral", reforçou André Ventura.

Questionado sobre se o Ministério Público está a interferir na actividade política, mais concretamente na campanha eleitoral para as legislativas de 10 de Março, Ventura recusou essa tese e contrapôs que é preciso deixar que a justiça funcione. "Espero que o PSD não caia nesse erro, porque isso foi o que o PS fez no processo Casa Pia e na Operação Influencer. Se o PSD alinhar no mesmo discurso do PS de ataque à Justiça, há uma coisa que garanto: Estamos fora", advertiu.

O inquérito sobre a habitação de Luís Montenegro é dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto e ainda não tem arguidos constituídos. Entre outros aspectos está em causa uma alegada utilização indevida da taxa de IVA reduzida.

Sexta-feira à noite, em declarações enviadas às redacções, o presidente do PSD considerou que o inquérito do Ministério Público sobre os benefícios fiscais na construção da sua casa em Espinho é uma "excelente oportunidade" para encerrar o assunto, assegurando não ter tido qualquer tratamento de favor.

Este sábado, em conferência de imprensa, no Porto, o líder do PSD garantiu que não se sente "minimamente condicionado" e que convive bem com os inquéritos abertos pelo Ministério Público. "Não me sinto mesmo minimamente condicionado, convivo bem com o escrutínio de que sou alvo através destes inquéritos e tenho a plena confiança e convicção de que serão precisamente estes inquéritos que irão demonstrar que tudo está dentro da regularidade", afirmou Luís Montenegro.