The Crown: a princesa Margarida queimou mesmo os pés na banheira?

A irmã de Isabel II sofreu vários acidentes vasculares cerebrais, um deles enquanto estava na banheira em Mustique, nas Caraíbas. Morreu em Fevereiro de 2002 aos 71 anos.

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A rainha-mãe Isabel e a filha Margarida em 2001 Reuters/IAN WALDIE
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A morte da princesa Margarida é um dos momentos mais intensos para Isabel II na final de The Crown. A agonia do final de vida da irmã da rainha marca o oitavo episódio desta temporada e inclui imagens detalhadas dos vários acidentes vasculares cerebrais sofridos pela princesa, até quando queimou os pés na banheira. Sim, terá sido mesmo assim e não é ficção.

A saúde de Margarida nunca foi tão forte quanto a de Isabel II e isso terá a ver também com o estilo de vida da filha mais nova dos reis Jorge VI e Isabel. O gosto por bailes e festas, sempre com o cigarro numa mão e o copo de uísque na outra, teve reflexos em várias amigdalites, laringites, bronquites, hepatites e pneumonias que sofreu ao longo de várias décadas.

Em Janeiro de 1985, antes de completar 55 anos, foi operada a um tumor pulmonar benigno. Então, esta foi a versão oficial anunciada pelo Palácio de Buckingham, mas, mais tarde, soube-se que lhe tinha sido retirada uma parte do pulmão esquerdo. No auge da sua vida, a princesa chegou a admitir fumar 60 cigarros diariamente.

O susto não lhe valeu de muito e continuou a fumar quase até ao fim. Em 1993, dá entrada no hospital Rei Eduardo VII, em Londres, com uma pneumonia. Mas é, cinco mais tarde, que se dá o primeiro acidente vascular cerebral (AVC) que há-de mudar a vida da princesa sempre tão activa socialmente.

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Margarida em 1994 Reuters

Enquanto estava de férias na ilha de Mustique, nas Caraíbas (que descrevia como o seu refúgio), Margarida sofre um AVC e é levada de urgência para o hospital. No dia seguinte, é transferida para Inglaterra, onde fica internada duas semanas.

Deste primeiro AVC, Margarida sai quase ilesa e sem sequelas, mas um ano mais tarde o infortúnio repete-se. Enquanto estava na banheira, sofre outro AVC e queima gravemente os pés, por não ter conseguido sair da água a ferver. Tal como é relatado em The Crown, só foi encontrada passado algum tempo e levada apressadamente para o hospital.

A recuperação foi lenta e princesa terá perdido a alegria de viver que sempre a caracterizou, fazendo uma depressão. A partir desta altura, são reduzidos drasticamente os actos oficiais da irmã da rainha.

No Natal de 2000, quando a família estava em Sandringham, a princesa sofre um novo AVC e vive o último ano da sua vida numa cadeira de rodas. Em Janeiro de 2002, é internada no Hospital Eduardo VII, onde acaba por morrer a 9 de Fevereiro, “tranquilamente durante o sono”, comunicou então o Palácio de Buckingham.

A morte da princesa real e condessa de Snowdom havia de ser o primeiro infortúnio do ano de 2002 para Isabel II. Um mês depois, como retratado no mesmo episódio de The Crown, morre a rainha-mãe, Isabel, igualmente “tranquilamente durante o sono” aos 101 anos. Mãe e filha estão enterradas na Capela de São Jorge, no Castelo Windsor — também onde estão agora Isabel II e o príncipe Filipe (1921-2021).

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Isabel e Margarida em 1941 Reuters

“Número dois”

A rainha-mãe e a irmã Margarida sempre foram próximas da Isabel II e conhecidas por serem duas das suas maiores conselheiras. Quatro anos mais nova do que a rainha, Margarida nasceu a 21 de Agosto de 1930, no Castelo de Glamis, na Escócia. Desde cedo, demonstrou interesse pelas artes, com inclinação para o ballet, música e teatro. Tinha seis anos quando o pai é coroado Jorge VI, na Abadia de Westminster e a irmã se torna herdeira do trono — ainda que não tivesse nascido destinada a isso, já que eram apenas sobrinhas de Eduardo VIII, o rei que abdicou a favor do irmão para se casar com uma divorciada.

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1949 Reuters
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A princesa Margarida em 1950 Reuters

Aos 18 anos, Margarida faz a primeira viagem oficial ao estrangeiro para representar o pai na coroação da rainha Juliana da Holanda. Na década seguinte, esteve em Portugal, entre 6 e 12 de Junho de 1959, para visitar a feira da Federação Britânica das Indústrias. Então tinha acabado de sair da polémica relação com o capitão Peter Tonwsend.

O romance nunca foi aprovado por Isabel II enquanto rainha, já que Tonwsend era divorciado. A pressão ditaria a ruptura e Margarida casar-se-ia com o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones, mais tarde conde de Snowdon. É ele o pai dos seus filhos: David, visconde Linley, nascido em 1961, e lady Sarah Chatto de 1964.

Mais de 20 anos depois da morte da princesa, os seus filhos continuam a estar presentes em grande parte dos eventos da família real. Os primos de Carlos III estiveram na coroação na Abadia de Westminster, em Maio deste ano, acompanhados pelos filhos, sobrinhos-netos de Isabel II. Aliás, apesar de nem figurarem na linha de sucessão ao trono, o visconde de Linley e os filhos ficaram na fila imediatamente atrás do duque de Sussex durante a cerimónia.

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