PSD critica estado dos serviços públicos e PS pede que apresente soluções

“Era um grande ganho para a democracia se pudéssemos saber quais são efectivamente as medidas que os senhores propõem” para dar resposta aos problemas nos serviços públicos, desafiou o PS.

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A "crise dos serviços públicos" chegou há muito tempo ao país "pela mão dos socialistas”, criticou o social-democrata Hugo Carneiro LUSA/MIGUEL A. LOPES
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O maior partido da oposição quis debater, em plenário, a “situação dos serviços públicos”. Limitando-se a criticar os efeitos da governação do PS na qualidade destes serviços, o PSD não apresentou nenhuma proposta para reverter as dificuldades operacionais em diversos sectores públicos, o que gerou críticas por parte do PS. Os socialistas juntaram-se ainda ao PCP, Bloco e Chega na crítica aos sociais-democratas pelas medidas adoptadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho, lembrando os cortes de salários e o encerramento de escolas.

“Se a crise política chegou agora pela mão do PS, a crise dos serviços públicos já tinha chegado muito antes, também pela mão dos socialistas”, criticou Hugo Carneiro na abertura do debate potestativo desta quinta-feira. O deputado social-democrata apontou falhas na área da educação, saúde e, em tom de ironia, disse que se estes últimos oito anos fossem “uma longa-metragem do cinema, o título do filme da governação do PS teria sido ‘Querida, eu encolhi os serviços públicos’".

O liberal Rodrigo Saraiva juntou-se aos sociais-democratas. Acusando o PS de se reger por uma política de “impostos máximos, serviços mínimos”, o deputado lembrou que “médicos e enfermeiros continuam a sair” do país, que a educação é desvalorizada, que os serviços de transporte não são satisfatórios e que a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) é um “processo atabalhoado”. “O resultado é desastroso… António Costa deixa uma pesada herança aos portugueses”, criticou, lamentando a ausência de membros do Governo no debate.

Também André Ventura notou esta ausência. “É normal que [o Governo] não queira estar presente”, porque “no final do dia ninguém contribuiu mais” para a degradação dos serviços públicos do que o Governo de António Costa, continuou.

Atirando depois ao PSD, Ventura criticou o partido por ter prometido “melhorar os serviços públicos”, e, quando esteve no governo, até 2015, não o ter feito. “Nisso, PS e PSD não são muito diferentes”, atirou.

Em resposta ao PSD, o deputado socialista Tiago Estevão Martins, criticou o partido por ser um mero observador e apontar as falhas nos serviços públicos sem apresentar medidas que as permitam corrigir. “Era um grande ganho para a democracia se pudéssemos saber quais são efectivamente as medidas que os senhores propõem”, disse. E acrescentou: “Passaram oito anos desde 2015 e verificamos que o discurso do PSD é exactamente o mesmo. A culpa ainda é da troika ou é mesmo o PSD que não muda?”

Para o PCP, o debate desta quinta-feira foi uma tentativa do PSD de “branquear o tempo em que governou”, acusou a líder do grupo parlamentar, Paula Santos. Mas “as pessoas não estão esquecidas” das “opções políticas” do PSD quando esteve no governo, garantiu. “Cortaram salários, tiraram feriados, queriam tirar os subsídios de férias e de Natal, encerraram escolas e diminuíram turmas”, elencou. A comunista lembrou ainda que muitos dos actuais deputados da IL e do Chega eram então militantes do PSD e do CDS.

Já a deputada bloquista Joana Mortágua apontou o dedo toda a direita, afirmando que tem “cadastro de corte dos direitos dos funcionários públicos”. Quanto ao PSD em particular, defendeu que “só há uma coisa que pode dizer, que é ‘perdoem-me’”. “Dou o exemplo da educação: Rui Rio, Pedro Passos Coelho, Nuno Crato, todos disseram que havia professores a mais. Hoje estima-se que faltem 30 mil professores até 2023”, completou.

As acusações entre direita e esquerda sobre o estado dos serviços públicos com constantes recordações da governação de Passos Coelho levaram a que o deputado único do Livre, Rui Tavares, defendesse que a prioridade não devia ser “discutir a trica do dia anterior e quem assinou o quê e disse o quê”.

“Quem quer defender o serviço público não pode defendê-lo como ele está, mas sim defender como pode ser no futuro. Portugal é um país que não se pode dar ao luxo de rescindir o contrato social. Dia 10 de Março é isso que estará em cima da mesa”, disse, referindo-se às eleições legislativas.

Já Inês Sousa Real, deputada única do PAN, reconheceu que o país ficou "aquém no que são os serviços públicos", mas "também no crescimento da rede de veterinários e gestão das florestas" e alertou que a saúde deve ser uma prioridade. "Não podemos ter um SNS [Serviço Nacional de Saúde] a duas velocidades. Para o PAN, o SNS é imprescindível e tem de ser preservado", concluiu.

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