TSF está em “vias de extinção”. É preciso alertar a sociedade, diz comissão de trabalhadores

Os trabalhadores da TSF reuniram-se em plenário, no mesmo dia em que foram recebidos, com os representantes de outros órgãos do Global Media Group, pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

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Comissão de Trabalhadores da TSF defende ser "completamente impossível" fazer rádio, como os portugueses a conhecem, com menos 30 pessoas Rui Gaudêncio

A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF defendeu esta quarta-feira, 13 de Dezembro, ser "completamente impossível" fazer rádio, como os portugueses a conhecem, com menos 30 pessoas, avisando que a TSF "está em vias de extinção".

Os trabalhadores da TSF estiveram reunidos esta quarta, em plenário, no mesmo dia que foram recebidos, juntamente com os representantes do Jornal de Notícias, O Jogo, Diário de Notícias e Global Imagens pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

"Aquilo que existe é uma forte preocupação e também alguma revolta por parte dos trabalhadores. A grande conclusão a que chegaram é que a TSF está em vias de extinção. É completamente impossível fazer a rádio, a que os portugueses se habituaram ao longo dos últimos 35 anos, com menos 30 pessoas", adiantou à Lusa Filipe Santa Bárbara da CT da TSF.

A Administração do Global Media Group (GMG), que detém a TSF, abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses.

São elegíveis a este programa "os trabalhadores com idade até 61 anos (inclusive), com contrato sem termo celebrado com as empresas Global Notícias, Rádio Notícias, Notícias Direct, Naveprinter, Açormedia ou RCA há mais de 12 meses e que estejam ao serviço na presente data".

O GMG indicou que o "período para apresentação de pedidos de adesão a este programa termina a 20 de Dezembro de 2023", sendo que "as saídas dos trabalhadores, cujo pedido de adesão seja aceite pela Administração, ocorrerão até 31 de Janeiro de 2024, excepto situações especiais em que poderá ser acordada outra data".

O GMG já tinha dito que iria negociar "com carácter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo", como anunciou no dia 6 de Dezembro, num comunicado interno.

"Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", a administração do GMG avança ainda que "o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efectuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de Janeiro a Dezembro do próximo ano".

O GMG atribuiu o fracasso da venda das suas participações na agência Lusa a um "processo de permanente interferência política", garantindo que a operação financeira "estava totalmente fechada", com o "acordo expresso" do PSD.

No caso da TSF, o corte será de quase 50% dos recursos humanos e, por isso, os trabalhadores acordaram também "mobilizar a sociedade civil" em torno da importância da rádio.

"É nossa intenção mostrar que a TSF está ameaçada na sua estrutura. Sabemos que não é intenção do grupo fechar a rádio [...]. A ideia é fazer uma reformulação, mas isso não será a TSF. É sobre isso que gostávamos que a sociedade estivesse ciente", sublinhou Filipe Santa Bárbara, acrescentando que, perante a actual conjuntura da comunicação social em Portugal, "é também a democracia que perde".

Na terça-feira, a CT da TSF confirmou, em comunicado, ter sido informada do pedido de demissão da direcção da rádio. A direcção, constituída por Rui Gomes (director-geral), Rosália Amorim (directora de informação) e Artur Cassiano (subdirector de informação), iniciou funções no passado dia 2 de Outubro, ou seja, há pouco mais de dois meses.