Trabalhadores da Global Media manifestaram as suas preocupações ao ministro da Cultura
Grupo anunciou recentemente que pretende rescindir contrato com 150 a 200 trabalhadores.
Os representantes dos trabalhadores do Global Media Grup (GMG) manifestaram nesta quarta-feira ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a sua “preocupação em relação ao presente processo de rescisões em curso e ao enfraquecimento” do grupo que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, TSF e Global Imagens.
Em comunicado, os trabalhadores dizem que ao longo de uma reunião de mais de duas horas “as preocupações foram ouvidas, compreendidas e partilhadas pelo ministro da Cultura, que considerou fundamental que o tema se mantenha no espaço público”.
“Reconhecendo que a situação no GMG é ‘grave’, ‘complexa’ e ‘sensível’, o ministro mostrou-se interessado em perceber o funcionamento das diferentes redacções e o impacto de uma saída maciça, como a que está anunciada”, é ainda escrito na nota.
Os trabalhadores acrescentam que o ministro “sublinhou ainda nunca ter tido qualquer contacto com a actual administração do GMG” e “reiterou a detalhada explicação acerca do negócio da Lusa, que já tinha transmitido num extenso comunicado divulgado na semana passada”.
O GMG vive dias agitados desde que a nova administração tomou posse há cerca de quatro meses, tendo anunciado recentemente que pretendia rescindir contratos com 150 a 200 trabalhadores.
Nesta terça-feira os membros da direcção da TSF apresentaram a demissão em bloco à administração do grupo. Rui Gomes, director-geral, Rosália Amorim, directora de informação, e Artur Cassiano, subdirector, que tinham assumido os cargos directivos há menos de três meses, abdicaram dos cargos face ao decréscimo do número de trabalhadores, que os directores acreditam ser demasiado pequeno para manter a viabilidade do projecto.
Os trabalhadores da TSF levaram a cabo uma greve a 20 de Setembro, a primeira em 35 anos. Aumentos salariais e mudanças na direcção estiveram na base do protesto.
Os responsáveis pelo GMG anunciaram a abertura de um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, com as indemnizações a serem pagas ao longo de 18 meses. O período para a apresentação dos pedidos de adesão ao programa termina a 20 de Dezembro e as saídas ocorrerão até 31 de Janeiro.
Os acordos de rescisão seriam negociados “num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marca” do grupo, diz um outro comunicado interno citado na segunda-feira pela agência Lusa, com o objectivo “evitar um processo de despedimento colectivo que “apenas será opção em último caso”, disse a comissão executiva. O processo servirá para evitar uma “previsível falência”, numa altura em que se registaram atrasos no pagamento de ordenados e em que o pagamento do subsídio de Natal “só poderá ser efectuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de Janeiro a Dezembro do próximo ano”.
Nos órgãos de comunicação social do grupo a apreensão é grande. No JN os trabalhadores lançaram no final de Novembro uma petição contra a “morte” do jornal “como o conhecemos”, que já reuniu mais de 2000 assinaturas.
Somos JN — Em Defesa do Jornal de Notícias, do Jornalismo e das Pessoas é o nome da petição que expõe o despedimento colectivo de 150 pessoas, 40 pertencentes à redacção do Jornal de Notícias — que, entre a sede, no Porto, e a delegação de Lisboa, conta com 90 profissionais.
No requerimento, é destacado o papel do último jornal com sede no Porto, um diário “com 135 anos de história”. “Uma história sobre e para o país, como tantas, mas contada a partir do Norte e do Porto, como mais nenhuma. Agora sob ameaça”, pode ler-se. É também destacado o papel do jornalismo para a pluralidade num “país mais coeso e democrático, mais unido na sua diversidade”. Ainda assim, “o JN não é uma prioridade para a nova administração do Global Media Group”, criticam.
Administração terá dado ao DN autorização para reforçar orçamento
Segundo um comunicado do Conselho de Redacção do Diário de Notícias, datado de 11 de Dezembro e ao qual o PÚBLICO teve acesso, o director do jornal, José Júdice, terá afirmado ter "a certeza" que os problemas que o grupo atravessa não põem em causa "a reestruturação prevista do DN".
"O director revelou que tinha tido autorização da administração para reforçar o orçamento, num valor quatro vezes superior ao actual, para distribuir entre novos colunistas e colaboradores em todas as secções, em particular nas áreas da sociedade e cultura", pode ler-se no documento.
Ainda sobre o período que o GMG atravessa, Júdice aproveitou para descartar "a ideia 'que alguns querem passar de que os cortes previstos no JN sejam para manter o DN em funcionamento'". Com Fernando Costa
Artigo actualizado às 21h22 para incluir informação sobre situação do DN