Coligação PSD/CDS à vista: Nuno Melo segura entre dois a quatro deputados

Paulo Portas esteve empenhado em encontro de centristas que se tornou uma espécie de operação de charme para o PSD. Acordo pré-eleitoral está bem encaminhado.

Foto
O acordo entre Luís Montenegro e Nuno Melo já é dado quase como certo
Ouça este artigo
00:00
03:29

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As negociações entre o PSD e o CDS para uma coligação pré-eleitoral para as legislativas estão bem encaminhadas, apurou o PÚBLICO junto de várias fontes nos dois partidos. O CDS deverá segurar dois lugares elegíveis (Lisboa e Porto) mas pode conseguir obter quatro mandatos. Nesta nova versão da Aliança Democrática (AD), que incluirá independentes, o PSD quer capitalizar sobretudo os quadros do CDS. O entendimento alargado deverá ser anunciado nas próximas semanas. O PSD conta ainda promover uma convenção aberta, uma espécie de estados gerais, antes das legislativas.

Depois de, num primeiro momento, a recusa da Iniciativa Liberal em integrar uma coligação ter arrefecido a ideia de uma coligação só com o CDS, o PSD colocou em marcha a construção de uma plataforma que inclua o seu antigo parceiro de Governo, bem como personalidades independentes que virão até da área socialista. As conversações com o CDS estão bem encaminhadas e o acordo é já quase dado como certo. Os centristas desejavam pelo menos três lugares elegíveis, mas os sociais-democratas lembram que dois deputados já formam um grupo parlamentar. O acordo poderá ficar a meio caminho: dois lugares certos e quatro mandatos no caso de as legislativas correrem bem à coligação.

No congresso do PSD, há duas semanas, a ideia de um entendimento pré-eleitoral perpassou algumas intervenções – e foi igualmente defendido pela antiga líder social-democrata Manuela Ferreira Leite. Dois dias depois, o CDS lançou uma operação de charme ao chamar à sede ex-deputados e antigos dirigentes como António Lobo Xavier, Cecília Meireles, Nuno Magalhães ou João Almeida e até nomes que tinham saído do partido como Adolfo Mesquita Nunes ou Francisco Mendes da Silva.

A construção do programa eleitoral foi o propósito do encontro, mas a reunião serviu sobretudo para mostrar os quadros do CDS, que Luís Montenegro já assumiu serem uma mais-valia do partido, apesar de alguns dos nomes não estarem disponíveis para regressar à vida política activa.

A iniciativa contou com o empenho de Paulo Portas, que fez alguns convites para a reunião e esteve na cabeceira da mesa ao lado do líder, Nuno Melo, e de Manuel Monteiro, outro antigo presidente do partido. Dois dias depois, o CDS promoveu outra reunião do mesmo género onde esteve a ex-líder, Assunção Cristas, e o antigo dirigente Luís Nobre Guedes, entre outros nomes do partido.

Sem representação parlamentar desde Janeiro de 2022, o CDS luta pela sobrevivência. Apesar de a direcção assumir que acredita na eleição de dois ou três deputados em listas próprias, a coligação com o PSD torna seguro o regresso ao Parlamento. Para alguns dos participantes na reunião da semana passada, a coligação é uma oportunidade única para o partido, mas deve imperar o bom senso nas negociações.

No PSD, por seu turno, fazem-se as contas às vantagens matemáticas das coligações dadas pelo método de Hondt, que foram sublinhadas, aliás, por Paulo Portas, há duas semanas, no seu programa de comentário na TVI.

Na segunda-feira à noite, Luís Montenegro disse não haver “nenhum impedimento” nem nenhuma "obsessão" com a coligação com o CDS. “Elas [as candidaturas] vão integrar em qualquer circunstância personalidades independentes cuja inspiração político-partidária não é a nossa e eventualmente outros partidos políticos”, disse aos jornalistas antes da missa de evocação de Sá Carneiro e Amaro da Costa.

Recorde-se que o líder do PSD foi presidente do grupo parlamentar durante todo o tempo da coligação com o CDS no Governo liderado por Passos Coelho e está habituado a trabalhar com os centristas.

Sugerir correcção
Ler 27 comentários