Sindicato dos Jornalistas questiona se gestor concorda com despedimentos no JN
Sindicato alerta que acção da administração do GMG “poderá pôr em causa todo o grupo, ao descapitalizar um activo com a força do JN e silenciar uma rádio com o prestígio e qualidade da TSF”.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) perguntou ao responsável pela empresa maioritária na Global Media Group (GMG) se este concorda com a "estratégia de diminuir e desprezar um produto ímpar" como o Jornal de Noticias (JN), foi anunciado este domingo.
Numa carta dirigida a Clément Ducasse, responsável pelo World Opportunity Fund (WOF), que através do investimento na empresa "Páginas Civilizadas" é accionista maioritário no GMG, o SJ argumenta que "custa entender" a opção da administração da GMG de despedir 150 trabalhadores, 40 no JN, 30 na TSF e 56 nos serviços partilhados do grupo.
"Contextualizando-o, importa referir que o JN é um título que historicamente apresenta resultados positivos, pelo que manifestamos a nossa perplexidade ante esta linha orientadora que visa descapitalizar um produto de sucesso, nomeadamente privando-o de um dos seus maiores activos: os jornalistas. Também na TSF, que poderá ser irremediavelmente afectada pela estratégia da actual administração", lê-se na missiva, divulgada na íntegra no site do sindicato.
Para o SJ, "é incompreensível que uma administração não só despreze como prejudique activos claramente viáveis, ainda por cima diferenciados, tanto no GMG como no país", pelo que questiona Clément Ducasse sobre se "está ao corrente e tem acompanhado os actos" da actual gestão da GMG e se "dá o seu aval a esta estratégia de diminuir e desprezar um produto ímpar, com um capital humano único".
Na missiva, o SJ, que realça a "fortuna e fama nos negócios da alta finança" de Ducasse, questiona ainda o francês que lidera a WOF se a sua "experiência e sabedoria" se coadunam com "perspectiva básica, que se limita a cortar no capital humano e não permite gerar riqueza".
Por fim, o Sindicato dos Jornalistas apela a Ducasse que "olhe com atenção para as acções da actual administração do GMG e que reequacione este percurso" que, alerta, "poderá pôr em causa todo o grupo, ao descapitalizar um activo com a força do Jornal de Notícias e silenciar uma rádio com o prestígio e qualidade da TSF".
Na quinta-feira, em plenário, os trabalhadores do Jornal de Notícias decidiram manter o pré-aviso de greve para 6 e 7 de Dezembro, para contestar o despedimento colectivo de 150 pessoas no grupo Global Media, que estará a ser preparado pela administração.
A redacção do JN também criou uma petição intitulada "Somos JN - Em defesa do Jornal de Notícias, do jornalismo e das pessoas", com o objectivo de alertar para as consequências do despedimento colectivo que às 16h30 de hoje conta com 4554 assinaturas.