Vinho do Porto: a certeza de ocasiões felizes

A excelência e versatilidade deste símbolo incontestável do Douro e de Portugal torna-o o companheiro ideal para este Natal.

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A quadra festiva está a aproximar-se. Na hora de surpreender o amigo que apenas parece interessar-se pela música que mais ninguém aprecia ou de conquistar a admiração do tio alternativo que passa várias horas no alfarrabista à procura do livro perfeito e acaba, quase sempre, por regressar a casa sem nenhum, um vinho do Porto pode ser a solução. Com uma enorme variedade de estilos, este produto-chave da economia nacional desde o início da sua exportação, na segunda metade do século XVII, dá resposta a diferentes momentos, do brinde no encontro com os colegas da faculdade ao aperitivo na ceia de Natal.

Fruto de uma paisagem vitícola única, que ganhou forma nas encostas xistosas e acidentadas do vale do Douro ao longo de dois milénios, o vinho do Porto possui ainda um valor simbólico tão imensurável quanto a excelência que lhe é reconhecida um pouco por todo o mundo, onde figura como exemplo maior da portugalidade. Oferecê-lo significa, portanto, partilhar o que de melhor resulta do dom da natureza se aliado à obra secular levada a cabo por gerações de durienses, que fizeram questão de garantir a contínua passagem de testemunho quando o assunto é trabalho, resiliência, união, cultura, conhecimento ou arte. Mais do que uma mercadoria nobre, um cálice de Porto é sinónimo de ocasiões felizes, a sós ou em boa companhia.

Um Porto, um amigo

Touriga Nacional, Tinta Roriz, Rabigato e Gouveio são exemplo das mais de 115 castas nativas que se espalham pelo Douro, um território com cerca de 250 mil hectares que em 1756 se tornou a primeira região vinícola demarcada do mundo. Esta grande variedade origina vinhos com perfis versáteis, capazes de se adequar a qualquer gosto ou situação. Caso queira presentear alguém com um Porto neste Natal, descubra qual se adequa ao perfil do felizardo.

  • Quem não resiste a um aperitivo

Há sempre quem se recuse a começar uma refeição sem um bom aperitivo que lhe aguce o apetite. Para esses, um Porto branco, servido fresco, é a aposta certa. Trata-se de um vinho jovem (embora também os haja com idade), produzido a partir de uvas brancas e com grande amplitude de perfis de doçura, do extra-seco ao lágrima (muito doce). Para acompanhá-lo, não precisa de muito. Entre as típicas azeitonas e amêndoas torradas, pinhões ou salmão fumado, há muito por onde escolher.

  • Quem quer saber a ementa com antecedência

Em grupos de amigos, é comum haver aquele que quer decidir que vinho acompanha cada prato, e que não descansa enquanto não souber a ementa. O chamado “especialista de trazer por casa”. Este sabe que, no caso de pratos mais leves, como saladas ou peixes gordos grelhados, por exemplo, o Porto Branco – que combina, de igual modo, com sopas à base de natas – continua a ser uma opção a considerar.

Já quando o repasto se centra em assados e bifes bem temperados, com pimentas ou especiarias, aparece com os Late Bottled Vintage (LBV), que ajudam a equilibrar a intensidade de sabores. São vinhos originários de uma só colheita e podem ser consumidos na altura da compra, sem necessidade de decantação. Se estiver identificado como “unfiltered”, terá maior potencial de evolução em garrafa.

  • Quem não abdica da sobremesa

Para alguns, pouco interessa se a sobremesa é mais ou menos gulosa, desde que faça parte do menu e esteja bem harmonizada. Com isto em mente, apresentam os LBV ou os Vintages jovens e frutados para acompanhar bolos e mousses de chocolate. Os sabores delicados dos Tawnies de 10 e 20 anos são realçados pela intensidade da doçaria conventual, que tem o açúcar e os ovos como protagonistas. Opções mais discretas, como salada de fruta, tarte de amêndoas ou frutos secos, pedem um Tawny mais jovem como o Reserva Tawny. O mesmo se pode dizer de gelados de baunilha. Neste caso, contudo, os vinhos devem servir-se frios, para acompanhar a temperatura do doce. Tawnies mais velhos vão bem com queijos intensos ou de pasta dura. Para os de pasta mole e intensidade média, assim como para cheesecakes, invista num Ruby Reserva ou LBV.

  • Quem não sai da mesa sem beber um último copo

Português que é português não costuma dizer “não” a um café depois da refeição. Se for conjugado com um Tawny 20 anos ou mais velho, tanto melhor.

  • Quem dispensa a comida

Após decantação cuidadosa, um Vintage velho é a escolha certa nos momentos em que petiscar não faz parte dos planos. Convém que esteja acompanhado, porque depois de aberto, o vinho começa a perder as suas qualidades. Também vai bem com o charuto que se acende quando só se quer descontrair após uma semana complicada.

  • Quem é doido por cocktails

Para os fãs da “mixologia”, é indispensável ter um Porto Branco seco sempre à mão. Basta misturá-lo com água tónica, gelo e limão para conseguir uma combinação vencedora.

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