Governo israelita aprova trégua de quatro dias para libertação de reféns em Gaza

Pausa de quatro dias nos combates, libertação de pelo menos 50 reféns israelitas e de pelo menos 150 presos palestinianos. Supremo Tribunal de Israel tem 24 horas para analisar acções contra o acordo.

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Activistas israelitas manifestam-se em Telavive pela libertação dos reféns na posse do Hamas em Gaza Reuters/AMIR COHEN
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O Governo israelita aprovou na madrugada de quarta-feira um acordo que prevê a suspensão dos combates em Gaza durante quatro dias e a libertação de palestinianos detidos em Israel em troca da libertação, pelo Hamas, de 50 reféns israelitas ou de dupla nacionalidade, avançou o jornal Times of Israel e confirmou mais tarde o executivo de Benjamin Netanyahu. O acordo com o Hamas, mediado pelo Qatar, num processo que também envolveu os Estados Unidos e o Egipto, não entrará em vigor antes de quinta-feira, tendo o Supremo Tribunal de Israel 24 horas para analisar eventuais acções legais contra a sua implementação.

O acordo, já confirmado pelo Hamas, prevê a libertação de 50 reféns (30 crianças e 20 mulheres) em grupos de 12 a 13 por dia. Serão igualmente libertadas três cidadãs norte-americanas (duas mulheres e uma menina de três anos), indica a Reuters. Ficam de fora do acordo reféns exclusivamente de outras nacionalidades, incluindo vários trabalhadores agrícolas tailandeses capturados pelo Hamas em Israel. Segundo o Canal 12 israelita, nenhum militar será libertado.

A libertação e transferência dos reféns serão geridas no terreno pela Cruz Vermelha, que vai receber os civis, prestar-lhes os primeiros socorros e transportá-los para Israel, onde há já seis hospitais a postos. Ali reencontrarão os seus familiares pela primeira vez desde os ataques de 7 de Outubro do Hamas, quando mais de mil pessoas morreram em solo israelita e mais de 200 foram levadas para Gaza, das quais apenas quatro foram entretanto libertadas.

Em troca, Israel compromete-se a libertar pelo menos 150 mulheres e menores palestinianos, sobretudo de Jerusalém Ocidental e da Cisjordânia, que estão nas cadeias israelitas.

Quanto à pausa de quatro dias, esta poderá ser prolongada mediante a libertação de mais reféns – um dia por cada 10 pessoas libertadas. Serão suspensas todas as acções no terreno, em toda a Faixa de Gaza, e todas as operações aéreas excepto no Norte do território, onde haverá apenas uma pausa de seis horas por dia.

Ao mesmo tempo, durante estes quatro dias, Israel permitirá a entrada de ajuda humanitária e de combustível em Gaza, onde terão morrido mais de 14.000 pessoas, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, desde o início da actual crise. Espera-se a entrada de 300 camiões por dia, a partir do Egipto, através do posto fronteiriço de Rafah.

Segundo o Times of Israel, tanto as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa), como o Shin Bet (a secreta militar) e a Mossad (os serviços secretos israelitas) deram luz verde ao acordo. Não é conhecido o sentido de voto de cada um dos elementos do Governo israelita, embora fosse pública a oposição dos partidos Sionismo Religioso e Poder Judaico, que pediam a continuação das operações militares em Gaza. A imprensa indica que a posição de vários ministros inicialmente resistentes ao acordo terá evoluído durante a longa reunião iniciada na terça-feira. A estes, e aos israelitas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sublinhou que o país continua "em guerra".

"Estamos em guerra, e a guerra vai continuar até todos os nossos objectivos serem alcançados", disse.

No final da reunião, um comunicado governamental sublinhava que não está em cima da mesa o fim do conflito: "O Governo de Israel, as IDF e os serviços de segurança vão prosseguir a guerra para que todos os reféns regressem a casa, para completar a eliminação do Hamas e para garantir que não haverá uma nova ameaça ao Estado de Israel a partir de Gaza."

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