"Há algo com o qual estou a lutar: a ideia de morte. Todos os dias penso nisso. Sinto-me outra vez rapazinho perante isso. Mas suficientemente maduro para saber que a morte existe, está ali para todos nós", diz-nos Pedro Almodóvar numa conversa sobre escrever, filmar e morrer.

Pedimos-lhe que folheasse connosco as páginas de O Último Sonho, livro agora editado em Portugal (reúne 12 narrativas, escritas por Almodóvar desde os anos 1960). A conversa acaba com o seu último pesadelo.

O espanhol é mais conhecido pelos seus filmes, mas escrever é parte importante do seu modo de ser artista. Neste momento, escreve quase todos os dias. Nos textos de O Último Sonho encontramos pistas para o que filmou, para o que vai filmar.

Tudo aponta para que O Pub The Old Oak seja o último filme de Ken Loach, o mestre do realismo social. Paul Laverty, que lhe escreve os filmes há 30 anos, nunca pensou que lhe saísse essa "sorte grande". Falámos com ele.

Nesta edição, ouvimos o norte-americano Percival Everett, autor do romance As Árvores. Partiu dos assassinatos que na segunda década do século XXI envolveram agentes da polícia nos EUA. E mergulhou na história das tensões raciais no seu país. "Essa onda de crimes fez-me lembrar que isto não só é histórico, mas também é um problema actual na cultura." 

Ninguém fica indiferente a Seios e Óvulos, o primeiro romance de Mieko Kawakami publicado em Portugal. A poetisa e escritora japonesa escreveu um retrato das desigualdades no Japão, do desconforto e da confusão das mulheres quanto aos seus corpos e aos seus papéis na sociedade. "Aos olhos de uma mulher real, é assim que os homens existem inexplicavelmente: como inúteis", diz Kawakami.

No CCB e agora em livro, António de Castro Caeiro procurou responder à pergunta "O que é a filosofia?". Deu-nos pistas sobre o tempo, o mundo, a vida. "A filosofia é a possibilidade de resistir ao escândalo que é a morte", afirma nesta conversa. Nela, defende o vagar, o nada fazer, o tédio, onde renasce o espírito da filosofia. Mas, hoje, "quanto mais ocupado, melhor", e até "as crianças têm uma ocupação dos tempos livres que é quase profissional".

Em três volumes, o italiano Antonio Scurati conta a história de Mussolini como num romance em que nada é ficção. É preciso falar de Mussolini porque "os italianos ainda não ajustaram contas com o fascismo".

E há mais neste Ípsilon, da nova peça de teatro de Pedro Gil aos novos discos de Filipe Quaresma e Nídia; do filme O Mestre Jardineiro, ​de Paul Schrader, às exposições de Judite dos Santos, Júlia Ventura e Maria Capelo em Coimbra.

Boas leituras!


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