Líder da IL diz que Costa “atirou” Escária e Lacerda para “debaixo do comboio”

Rui Rocha defendeu que o primeiro-ministro demissionário devia deixar o Governo “o mais depressa possível” e assegurou que a IL vai concorrer às legislativas com listas próprias.

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Rui Rocha admite vir a ter pressões para uma coligação com o PSD LUSA/TIAGO PETINGA
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Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL), defendeu que o primeiro-ministro demissionário, António Costa, “não tem condições para continuar no Governo” e que é preciso que se afaste “o mais depressa possível”, tendo em conta o tempo até às eleições de 10 de Março, que é “demais”. Na intervenção de abertura do Conselho Nacional, a decorrer este domingo em Lisboa, o líder dos liberais considerou que a comunicação ao país de Costa, ontem à noite, quis “desviar as atenções” para o investimento estrangeiro mas que tinha outro objectivo: “Atirar para debaixo do comboio Lacerda Machado e Vítor Escária”.

Para Rui Rocha, a tese de que o primeiro-ministro se demitia “por causa de um parágrafo” de um comunicado da Procuradoria-Geral da República apenas resistiu por “umas horas” até ser encontrado “dinheiro em envelopes em São Bento”. António Costa quis “desligar-se destes dois [Lacerda Machado e Vítor Escária], “se isso era possível”, e “fazer-se de vítima”, disse, referindo-se ao antigo secretário de Estado e amigo do primeiro-ministro bem como ao chefe de gabinete entretanto exonerado. Ambos estão detidos no âmbito da Operação Influencer, que envolve suspeitas de crimes de corrupção e de tráfico de influências.

Rocha contestou a ideia de que foi uma “infelicidade” Costa ter assumido a amizade com Lacerda Machado “foram 35 anos de amizade, não é um momento infeliz, é uma amizade infeliz, mas isso foi o primeiro-ministro que escolheu” – e que a proximidade a Vítor Escária também é da responsabilidade do líder do Governo, depois de o convidar para chefe de gabinete quando o assessor económico já tinha estado envolvido no Galpgate. “Foi possível o PS tirar Sócrates do PS, mas não os socráticos do PS”, disse.

Numa altura em que ganha força a solução de uma coligação pré-eleitoral entre o PSD, a Il e o CDS, o líder dos liberais garantiu que resistirá a “pressões” e que o partido vai apresentar-se com listas, ideias e candidatos próprios, o que mereceu um aplauso dos conselheiros que se encontravam na sala.

Rocha admitiu que o vão tentar convencer com a vantagem matemática do método de Hondt nas coligações pré-eleitorais. “Aqueles que apelam ao método de Hondt estão errados porque o sucesso da IL é o que decorre do que as pessoas não encontram no sistema partidário soluções para o seu voto. (…) Se perdêssemos essa coragem, engolidos por listas conjuntas, havia muita gente que não votaria nestas eleições, vamos fazer com que votem nestas eleições”, sustentou.

Neste ponto, Rocha contestou até o argumento de que Rui Rio, ex-líder do PSD, teria conseguido tirar a maioria absoluta ao PS nas legislativas de 2022 se tivesse feito uma coligação pré-eleitoral. "Rui Rio não conseguiu ganhar ao PS porque foi uma má oposição", advogou.

Condenando a ideia de há votos “desperdiçados” nas legislativas, o líder dos liberais anunciou que o partido insistirá na proposta de alteração do sistema eleitoral, com a criação de um círculo de compensação nacional, ainda antes da Assembleia da República ser dissolvida, a 15 de Janeiro. Uma alteração que, afirma, caso fosse aprovada não serviria para as próximas legislativas a 10 de Março, mas em futuras eleições.

Já para estas legislativas antecipadas de Março, Rui Rocha apontou como objectivo “afastar o PS do poder” e por “muitos anos”, além de que sejam criadas condições para uma solução para que “o país que tenha a defesa de um caminho muito mais liberal para Portugal”. “Não vale a pena afastar o PS para no dia seguinte temos mais do mesmo”, disse, sem nomear o PSD.

O líder da IL aproveitou ainda para se pronunciar sobre a disputa de liderança no PS, em que se assumiram como candidatos José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos. “O futuro não pode ser manter um antigo ministro e um actual ministro do Governo. Não pode ser. O país não aguenta mais socialismo. Não, não, o país não pode ser isto”, afirmou, classificando o ex-ministro das Infra-estruturas como “alguém da esquerda radical”. E rematou: “Não podemos ter um delfim de Francisco Louçã à frente do país”.

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