Comissão de ética do Banco de Portugal prepara-se para avaliar conduta de Centeno

De acordo com o jornal Eco, a comissão de ética do banco central vai reunir-se já na segunda-feira para falar sobre o convite a Centeno para liderar o Governo.

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Mário Centeno não é militante do PS Ricardo Lopes
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A eventual situação de conflito de interesses gerada pelo convite de António Costa, com o aval de Belém, a Mário Centeno para o substituir na chefia do Governo sem eleições antecipadas levou um organismo do Banco de Portugal (BdP) a convocar uma reunião para avaliar a conduta do actual governador. A notícia foi avançada pelo jornal online Eco, que acrescenta que essa avaliação ficará a cargo da comissão de ética, presidida por Rui Vilar, e será realizada durante um encontro marcado para a próxima segunda-feira.

Previamente à reunião, de acordo com uma fonte do ECO, a comissão de ética já está a preparar-se e "a recolher informação pública para avaliação do caso".​ O PÚBLICO questionou o Banco de Portugal sobre o assunto, mas o regulador não comenta estas informações, acrescentando que tem de ser a comissão a pronunciar-se.

Na última sexta-feira, o PÚBLICO noticiou que, logo no primeiro dia da crise política, a 7 de Novembro, António Costa telefonou a Mário Centeno para saber da sua disponibilidade para lhe suceder na chefia do executivo até 2026, evitando assim o recurso a eleições antecipadas. A conversa terá sido feita com a conivência de Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu a possibilidade, e Mário Centeno abriu a porta, em nome do interesse nacional, a aceitar o convite.

Embora Mário Centeno não seja militante do PS (foi ministro das Finanças de António Costa), vários foram os partidos que se mostraram desagradados com a solução que acabou por não ser seguida. Em declarações ao PÚBLICO, o social-democrata António Leitão Amaro reagiu, dizendo que Centeno "perdeu legitimidade e condições objectivas para ser governador" do BdP. “Mário Centeno demonstrou que é um actor do PS, que ele e António Costa querem fazer do BdP mais um elo da teia socialista de controlo de todas as instituições independentes em Portugal, o que é inaceitável”, disse.

Para Leitão Amaro, tanto o convite de António Costa como a aceitação desse cenário por parte do governador mostram que ambos “ultrapassaram as linhas vermelhas da independência” exigida pelo banco central. “Centeno foi apresentado por António Costa como o candidato a primeiro-ministro. Ninguém imagina que António Costa o fez sem o seu consentimento e, por isso, Centeno quis ser, e foi, pelo menos durante algum tempo, candidato a primeiro-ministro de uma maioria socialista”

Iniciativa Liberal (IL) e PAN também criticaram a possibilidade de Centeno assumir o cargo de primeiro-ministro. "Era o que mais faltava agora termos aqui uma solução à italiana, demonstrando mais uma vez esta atitude do PS, que se acha dono disto tudo. (…) Ao invés de devolver a voz aos portugueses, vinha com uma solução de secretaria à italiana”, disse Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da IL.

Já Inês Sousa Real, porta-voz e deputada do PAN, disse que o partido “sempre foi muito crítico relativamente a portas giratórias” e voltou a defender que “os governantes devem ter um período de nojo”.

Pelo PS, coube a Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar, contestar as críticas à falta de independência de Centeno, lembrando que na apresentação do livro do anterior governador, Carlos Costa, deu para “perceber o que é independência”.

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