PSOE assina acordo com nacionalistas bascos e encerra negociações

Pedro Sánchez garantiu o apoio parlamentar de todos os partidos de que necessita para ser investido como chefe de Governo. Em Madrid, a noite voltou a ser violenta.

Foto
Madrid foi novamente palco de protestos organizados pela extrema-direita Reuters/NACHO DOCE
Ouça este artigo
00:00
03:25

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Partido Nacionalista Basco (PNV) assinam esta sexta-feira um acordo que vai garantir a investidura de Pedro Sánchez como chefe do próximo Governo.

Semanas de intensas e sensíveis negociações chegam ao fim esta sexta-feira com a formalização do acordo entre o PSOE e o PNV, o último entendimento entre os socialistas e vários partidos mais pequenos cujo apoio irá permitir a formação do novo executivo espanhol já na próxima semana. O acordo assinado esta sexta-feira entre Sánchez e o líder dos nacionalistas bascos, Andoni Ortuzar, assegura mais cinco deputados que irão viabilizar a investidura do socialista.

Desta forma, quando a investidura for a votos na próxima quinta-feira, Sánchez poderá contar com 178 votos a favor, que correspondem às bancadas do PSOE, Sumar, Esquerda Republicana da Catalunha, Juntos pela Catalunha, Bloco Nacionalista Galego e PNV. Há ainda a possibilidade de a única deputada da Coligação Canária também se poder juntar, reforçando a maioria de Sánchez. A imprensa espanhola dá como certo esse apoio.

O acordo fechado esta sexta-feira com o PNV era dado como seguro e inclui garantias de cumprimento do estatuto de autonomia do País Basco e a promessa de investimento público em infra-estruturas, sobretudo ligadas à ferrovia de alta velocidade.

Sánchez irá conseguir manter-se no poder depois de ter alcançado um acordo com as formações independentistas catalãs a troco de uma lei de amnistia extremamente controversa. Na quinta-feira, o ex-presidente do governo catalão e líder do Junts, Carles Puigdemont, confirmou o sucesso das negociações, considerando-a uma “etapa histórica” para a definição do futuro político da Catalunha.

A lei da amnistia vai perdoar as condenações de todos os dirigentes políticos envolvidos na organização do referendo de 2017, considerado ilegal pela justiça espanhola. Puigdemont e outros líderes catalães foram condenados a pesadas penas de prisão por crimes contra o Estado espanhol.

Além disso, o acordo firmado entre PSOE e Junts inclui a formação de um mecanismo internacional mandatado para mediar uma solução política para a Catalunha – a esperança dos independentistas é que seja aberto caminho para um referendo vinculativo, mas isso não é certo.

O acordo com os independentistas catalães foi muito criticado, sobretudo pela direita espanhola, que acusa Sánchez de ter cedido em toda a linha às pretensões separatistas apenas para se poder manter no poder.

O PP foi o partido mais votado nas eleições legislativas de 23 de Julho, mas o seu líder, Alberto Núnez Feijóo, não conseguiu garantir o apoio necessário para ser investido como chefe de Governo.

Na última semana, Madrid tem sido palco de manifestações violentas organizadas por grupos de direita radical e falangistas, com o apoio tácito do Vox e de algumas figuras do Partido Popular.

Na noite de quinta-feira, horas depois do anúncio do acordo entre o PSOE e o Junts, milhares de pessoas voltaram a concentrar-se nas imediações da sede do Partido Socialista, no centro de Madrid. De acordo com a imprensa, esta foi a manifestação mais participada na última semana.

Um grupo de manifestantes chegou a entrar em confronto com as forças policiais ao tentar romper o perímetro de segurança em torno da sede do PSOE, incendiando contentores do lixo e atirando objectos pirotécnicos. A polícia deteve pelo menos 24 pessoas, segundo o jornal El Español.

Durante a tarde, o ex-presidente do PP catalão e um dos fundadores do Vox, Alejo Vidal-Quadras, sofreu uma tentativa de assassínio ao ser atingido a tiro enquanto saía de sua casa, em Madrid.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários